«Malangatana Ngwenya Valente nasceu em 6 de Junho de 1936 em Matalana, Moçambique, África Oriental "portuguesa".
Em Lourenço Marques, capital da "província", para onde parte depois de ter estudado nas escolas das Missões, trabalha como criado, primeiro como baby-sitter, depois num clube desportivo, e enfim como cozinheiro do pessoal de um clube elegante.
Frequenta uma associação artística local, o "Núcleo de Arte", e conhece o arquitecto Alpoim Guedes, que o convida para sua casa e o anima a inspirar-se unicamente em si-mesmo e no legado cultural que traz consigo. Com efeito, e sobretudo nessa época, a arte na África portuguesa era o joguete do academismo estético e moral do Ocidente, posto a andar de duas maneiras: "pôr do sol", "queimadas", e "Vénus Negras", se o pintor era branco; Cristos e Virgens-Santas para os escultores "colonizados".
É assim que, não mergulhando senão nas suas próprias forças e só escutando a voz mágica familiar (seu pai fora um "homem-medicina" e Malangatana associara-se como ajudante de feiticeiro aos ritos e operações do cháman), se torna o primeiro (em força e em data) pintor "absolutamente moderno" do complexo cultural nativo da África Oriental "portuguesa".
[...]»
Mário Cesariny, As Mãos na Água, a Cabeça no Mar, Assírio & Alvim, 1985, p. 283.
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