terça-feira, 30 de março de 2010

Vincent van Gogh [30/III/1853 - 29/VII/1890]

Este texto que Antonin Artaud (1896-1948) escreveu sobre aspectos da vida e obra de Van Gogh, na sequência da exposição das obras do pintor holandês no museu da Orangerie (em Paris), é mais do que uma crítica ou análise: Artaud adopta a luta de Van Gogh como sua, tentando escapar às suas próprias tormentas.
Esta edição inclui onze reproduções a cores de quadros do artista. É uma obra de grande sensibilidade, com uma escrita clara, bela e violenta, de uma lucidez sublime.

Van Gogh - o Suicidado da Sociedade, Antonin Artaud (tradução: Aníbal Fernandes)

Paul Verlaine [30/III/1844 - 8/I/1896]


Paul-Marie Verlaine nasce na Lorena a 30 de Março de 1844, filho de um militar. Em 1851 muda-se com a família para Paris. No ano de 1862, inscreve-se na Faculdade de Direito, altura em que começa a frequentar os cafés e a beber regularmente. Em 1864 decide abandonar os estudos definitivamente, já depois da publicação do seu primeiro poema (1863), e torna-se funcionário da Câmara Municipal de Paris. O poeta troca correspondência e contacta com vários escritores e artistas da época, como por exemplo Victor Hugo, Charles Cros e Villiers.
Em 1870, casa com Mathilde Mauté de Fleurville, casamento que será perturbado quando, no ano seguinte, Verlaine conhece Rimbaud, com quem mantém estreita (e até apaixonada) amizade. Esta relação levará Mathilde a pedir a separação judicial em 1872, ano em que Verlaine embarca com Rimbaud para Londres. Este relacionamento acabará em 1875.
Entre 1875 e 1879, o poeta é alternadamente professor em Inglaterra e França, país para onde regressará definitivamente. Segue-se um período de escrita intensa, atribulado por dificuldades económicas e de saúde, numa sucessão de internamentos em vários hospitais. Morre a 8 de Janeiro de 1896 com uma congestão pulmonar.
Fernando Pinto do Amaral, no prefácio a Poemas Saturnianos e Outros, afirma: “Ao lermos hoje os poemas de Verlaine, resta sobretudo a beleza da sua música soberana e misteriosamente evocadora das vertigens por vezes discretas — mas nem por isso menos cativantes — de um espírito vibrátil e sensível aos mais ínfimos acordes do ser — acordes harmoniosamente dissonantes, como os de qualquer poesia que não hesite em interrogar o doloroso enigma que se abriga nos mil fragmentos do real e lhes dá, a cada um deles, uma alma própria e insubstituível.”

Obras de Paul Verlaine na Assírio & Alvim

sábado, 27 de março de 2010

O Teatro

O primeiro Gato Maltês
[Janeiro de 1981]

Emma Santos escreve e interpreta (a presente edição de O Teatro reproduz o texto por si representado cenicamente, entre Dezembro de 1976 e Janeiro de 1977) a doença, a dor física e o sofrimento mental, denunciando as semelhanças entre a loucura dos métodos usados para a tratar e a própria loucura.
Emma Santos defronta-se com a loucura das instituições psiquiátricas onde foi internada e onde lutou para recuperar a sua voz, “quando à força de medicamentos me obrigaram a calar”. Segundo a sua mãe, a loucura é o teatro pessoal de Emma e a sua comédia traduz-se numa enorme solidão, vivida entre electrochoques e as outras doentes, todas “uma e a mesma, devorando bolos e guloseimas ou de cigarro nos beiços”, imagem da loucura que visualiza como uma “mulher, alta, inchada pelos medicamentos, semi-nua, só com um roupão de nylon acolchoado às flores roxas ou cor de rosa”.

quarta-feira, 24 de março de 2010

«Ruben A. In memoriam de bolso», de Alexandre O'Neill

Ruben morreu de sopetão cardíaco, fim previsível para quem levou a vida a refrear as próprias emoções. Quatro dias antes do seu passamento vi-lhe nos olhos o medo de rebentar. Disse-nos que, na véspera, sentira uns esticões danados. Em Londres – última escala antes da morte – tencionava tirar o seu retrato vascular. Levava à boca, de espaços a espaços, uma pastilhinha calmante. Ficava à espera que a derretida pastilhinha lhe respondesse. Depois, entrava naquela agitação que era a sua maneira de ocupar o tempo convivente.
Nem na vida, nem na literatura Ruben A. conseguia estar quieto.
Tinha pressa. E às vezes até parecia que o quotidiano era para ele simples matéria de criação. Com isto, ganhou a literatura memorialista portuguesa umas quantas páginas bem singulares. Desordenado e original na escritura, Ruben não podia sujeitar-se a outra disciplina que não fosse essa, toda exterior, de se sentar, dia a dia, à máquina, pelas oito da manhã, e de bater 5, 10, 15 páginas de seguida, apenas apoiado ao bordão da memória e a uma verve sem limites. Mas ao coro das rãs, respondeu Ruben A. com algumas arreliantes dissonâncias, enfim, com o que nele era o vivo pressentimento de que uma obra se faz a contrapeso do gosto mediano, desse que está sempre a reclamar, em nós, vigência, estatuto e rebuçados.
Paz à sua tecla!

Diário de Notícias, 22 Janeiro 1976. Suplemento cultural, n.º 3, 2.ª série, p. 1.
Com uma boa fotografia não assinada, e um excerto de diário.
Obituário descoberto e transcrito por Vasco Rosa. Obrigado.
Obras de Ruben A. na Assírio & Alvim

5000 amigos

Em menos de três meses atingimos o máximo de amigos permitido pelo Facebook: 5.000. Foi hoje, dia 24 de Março de 2010, às 00:32.
Uma saudação muito cordial a todos os nossos amigos.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Dia Mundial da Árvore e da Poesia

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No próximo domingo celebra-se o Dia Mundial da Poesia, e também o Dia Mundial da Árvore. Para comemorar esta data a Assírio & Alvim propõe quatro livros com um desconto assinalável:

— O Tratado da Árvore, de Robert Dumas (25 €, a 15 € durante este fim-de-semana)
— A Árvore em Portugal, de Francisco Caldeira Cabral e Gonçalo Ribeiro Telles (25 €, a 15 € durante este fim-de-semana)
Rosa do Mundo · 2001 Poemas para o Futuro (35 €, a 20 € durante este fim-de-semana)
A Oração dos Homens · Uma Antologia das Tradições Espirituais (29 €, a 20 € durante este fim-de-semana)

Promoção válida neste fim-de-semana (sábado 20 e domingo 21 de Março) na livraria Assírio & Alvim Livros, no Chiado, das 12h00 às 19h00, e apenas no sábado na livraria Assírio & Alvim na Rua Passos Manuel, em Lisboa, das 10h00 às 13h00 e das 15h00 às 19h00. Visite-nos, leia poesia, fique a conhecer profundamente as árvores portuguesas e celebre o dia 21 de Março com a Assírio & Alvim.

«A árvore não brotou no Jardim.
Desconheço a doçura do seio das flores.
Sou o fruto das raízes.»
in Superfície · Toda Poesia, Maria Ângela Alvim

quinta-feira, 18 de março de 2010

Livraria Assírio & Alvim - Rua Passos Manuel

CASA CHEIA
A livraria Assírio & Alvim da Rua Passos Manuel, em Lisboa, reabriu hoje renovada e cheia de gente... para o lançamento de Escarpas, novo livro de Gastão Cruz. Apresentação de Manuel Gusmão e leitura de poemas por Luís Miguel Cintra.

Stéphane Mallarmé [n. 18 de Março de 1842]

Stéphane Mallarmé nasce em Paris, no dia 18 de Março de 1842. A sua infância e juventude são perturbadas pelas mortes dos pais e da irmã mais nova.
Tendo estudado inglês em Londres entre 1862 e 1863, Mallarmé regressa a França para dar aulas, mas o ordenado de professor revela-se insuficiente para sustentar a família, tendo o poeta de desenvolver outras actividades, como editar uma revista e traduzir livros escolares.
Se, por um lado, a vida pessoal e profissional de Stéphane Mallarmé é repleta de percalços, a carreira literária, por outro, segue um percurso firme e sólido. Os primeiros poemas datam de 1862 e são fortemente influenciados pela poesia de Baudelaire, mas Mallarmé vai além do proposto pelo seu precursor, no que será o seu magnífico, mas inacabado, livro Grand Oeuvre.
Mallarmé deixou uma obra poética que marca, ao lado da de Verlaine, a liderança do movimento simbolista, alcançando sucesso e reconhecimento ainda em vida.
Morre a 9 de Setembro de 1898 na sua casa de Valvins, perto de Fontainebleau.
Mallarmé na Assírio & Alvim:

Poesias [2005] e Poemas de Mallarmé lidos por Fernando Pessoa [1998], ambos com tradução de José Augusto Seabra.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Lançamento do livro «Escarpas», de Gastão Cruz

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A Assírio & Alvim convida-o para o lançamento do livro


ESCARPAS
de Gastão Cruz


que terá lugar na Livraria Assírio & Alvim (Rua Passos Manuel, 67-B, em Lisboa) no próximo dia 18 de Março, quinta-feira, pelas 19h00.

A apresentação do livro será feita por Manuel Gusmão e haverá uma leitura de poemas por Luis Miguel Cintra.

No final da sessão será servido um pequeno cocktail.


Apoio:

«Escritores à Mesa (e outros artistas)», o novo livro de José Quitério

Os textos que compõem este livro têm proveniências difererentes: 6 figuram no Livro de Bem Comer, 14 em Histórias e Curiosidades Gastronómicas, 11 são inéditos. Os não inéditos foram objecto de revisão, emendas e acrescentos (nalguns casos substanciais). Escritores à Mesa (e outros artistas) resulta da necessidade de rearrumação, tendo em vista que os dois livros anteriormente referidos jamais serão reeditados como tais. Surgirão refundidos, aparados, apurados e aumentados num único volume, sob o título Bem Comer & Curiosidades, no fim do presente ano.
A presente obra pretende ser uma homenagem sobretudo aos escritores que nem por serem dos maiores deixaram de tratar dum tema que muitos letrados enfadados (e enfadonhos) consideram matéria menor ou mesmo abominável. Que possa servir também de antepasto para uma há muito prometida Antologia da Gastronomia na Literatura Portuguesa (séculos XIII-XX), a vir ao mundo, se o permitirem o tempo e as potestades, em 2011.

José Quitério

ISBN: 978-972-37-1465-4

domingo, 14 de março de 2010

«Escarpas», novo livro de Gastão Cruz

Premiado em 2009 com o Prémio Correntes d’Escritas, pelo seu livro A Moeda doTempo, Gastão Cruz regressa agora com um novo livro de poesia: Escarpas, já disponível nas livrarias. Aqui deixamos um dos seus poemas:
OFÍCIO
Os poemas que não fiz não os fiz porque estava
dando ao meu corpo aquela espécie de alma
que não pôde a poesia nunca dar-lhe
Os poemas que fiz só os fiz porque estava
pedindo ao corpo aquela espécie de alma
que somente a poesia pode dar-lhe
Assim devolve o corpo a poesia
que se confunde com o duro sopro
de quem está vivo e às vezes não respira

ISBN: 978-972-37-1482-1

sábado, 13 de março de 2010

Prémio EDP Novos Artistas 2009


«“O bom filho à casa torna”, diz-se. E assim bem pode dizer-se a propósito desta oitava edição do Prémio EDP Novos Artistas. Tendo começado no Museu da Electricidade, com a exposição de Joana Vasconcelos, na sua primeira edição, em 2000, andou por fora nas outras edições (no Museu Nacional de Arte Antiga e Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa, em 2002 e 2003; no Museu de Serralves, Porto, em 2003; de novo em Lisboa, no Centro Cultural de Belém, em 2004; no Pavilhão Centro de Portugal, Coimbra, em 2005; e, finalmente, na Central do Freixo, Porto, em 2007), e, agora, regressa ao Museu da Electricidade, revisto e aumentado. Para o cenário da Central Tejo, os nove artistas, seleccionados de um conjunto aberto de quatrocentas e treze candidaturas, conceberam as suas obras e realizaram-nas naquele enfrentamento do mundo que faz da arte uma das suas medidas mais infalíveis.
Esta exposição do Prémio EDP Novos Artistas 2009 é uma exposição (o que é mais invulgar do que se julga), e não apenas um conjunto ocasional de peças que se encontram, acumulam, justapõem, avizinham, desencontram. É, verdadeiramente, uma exposição pelo caminho que abre, pelo jogo que lança, pela passagem que dá, pelo confronto que acende: cada obra a desafiar incessantemente as outras. O Prémio EDP Novos Artistas tem uma história de acertos, continuidades, renovações, revelações. […]
Neste tempo de muitas portas fechadas, manter esta porta aberta, cada vez mais aberta, é uma reafirmação de vida, de vontade, de vigor. Por ela têm passado muitos artistas que hoje existem na arte contemporânea portuguesa. O contributo que demos a essa existência traz-nos contentamento, prazer, orgulho. E justificação.
Para a Fundação EDP, este Prémio é uma viagem que leva a muitos lugares. E este catálogo é um mapa dessa viagem e um diário de bordo. Com ele, vamos onde já estivemos e onde ainda não fomos.»

José Manuel dos Santos

ISBN: 978-972-37-1473-9

Assírio & Alvim no Chiado

Foi bonita a festa... casa cheia, de livros e de muitos, muitos amigos.

Agora já sabe: Assírio & Alvim no Chiado (Rua Garrett, 10 / Rua do Carmo, 29), de segunda a sexta, das 12 às 19 horas, e sábados, das 10 às 19 horas. Apareça e divulgue. Obrigado.

Debret, por Vasco Araújo


Debret é o resultado de uma interpretação da relação social entre brancos e negros, portugueses e africanos, senhores e escravos no Brasil do século XIX. Esta interpretação parte da obra do pintor Jean-Baptiste Debret, artista francês, que chegou ao Brasil juntamente com a missão francesa a convite do Príncipe Regente D. João VI, no início do século XIX e demonstrou a sua paixão pelo Brasil através de pinturas, aguarelas, desenhos e gravuras, permitindo deste modo elaborar uma visão histórica, política, cultural e social do Brasil dessa época.
A interpretação resulta em 15 esculturas. Cada uma destas resulta da combinação de quatro elementos distintos: mesas, ovos, figuras e citações do Padre António Vieira. As figuras retratam acções entre brancos e negros reveladoras da relação sexual e social dos mesmos. A inserção destas figuras em ovos (de modo paralelo ao que acontece nos ovos de Fabergé) deslumbra uma face mecânica, imperialista e despótica de onde, também, resultou a criação de uma nova raça (mulata). A associação de tudo isto com as citações do Padre António Vieira (escritas nas mesas) leva-nos a uma releitura que se insere num discurso pós-colonialista, período em que vivemos actualmente.

Título: Debret; Autor: Vasco Araújo; Texto: Paulo Pires do Vale; Colecção: Arte e Produção; 112 pp. ; ISBN: 978-972-37-1469-2 (já disponível nas livrarias).

sexta-feira, 12 de março de 2010

Gato Maltês

Gato à solta! Chegam-nos notícias de que foi avistado em várias livrarias do país. Hoje, dia 12 de Março de 2010, há fortes probabilidades de andar pelo Chiado (Rua Garret, 10 / Rua do Carmo, 29). Dê-nos notícias. E, entretanto, boas leituras.

quarta-feira, 10 de março de 2010

ASSÍRIO & ALVIM NO CHIADO inauguração de nova livraria


(clique na imagem para a aumentar)
Na próxima sexta-feira, dia 12 de Março, a Assírio & Alvim inaugura a sua livraria definitiva no Chiado, situada no mesmo local onde se encontrava a loja temporária: precisamente no fim desse pátio.
Para marcar a abertura desta livraria, todos os livros estarão à venda com 50% de desconto sobre o preço de catálogo (excepto novidades). Esta promoção decorrerá na sexta-feira, dia 12 de Março, e também no Sábado, dia 13 de Março.
A inauguração oficial está marcada para as 19h00 de sexta-feira e haverá um cocktail. Não falte!
ASSÍRIO & ALVIM
Rua Garrett, 10 / Rua do Carmo, 29.

Durante o cocktail serão servidos vinhos brancos e rosés Quinta da Lagoalva.


«Caricaturas», de Loredano


«A famosa citação — ora atribuída a Flaubert, ora a Mies van der Rohe — de que “Deus está nos detalhes” deveria servir como verdade oracular para todo caricaturista. Transformar o detalhe na verdade de uma fisionomia é o que dá graça ao traço e causticidade ao desenho de Loredano. Delirantemente precisa, sua linha evita o supérfluo e potencializa a surpresa.
Desde meados da década de 1970, a caricatura de Loredano ocupa as principais páginas da imprensa internacional, mais especificamente os cadernos de cultura. São quase quarenta anos de sacerdócio à caricatura de jornal, de diálogo aberto entre linha, texto e página. Retirá-lo deste lugar, muitas vezes tenso e conflituoso, é excluí-lo de uma mundaneidade essencial, onde o aparecer do caricaturado se dá junto à notícia, ao texto, a todo tipo de interferência que atravessa e contamina sua fisionomia. A força dos desenhos de Loredano equivale a sua capacidade de fazer ver antes de ler e, assim, sugerir sentidos subliminares ao leitor. Virar uma página e se deparar com um desenho seu é fatal para o olhar: toda a página se desenha e se configura pela sedução e ritmo da sua linha.
A caricatura nasce no intervalo entre a aparência pública e a fisionomia privada. Ela inventa a aparência e desloca a fisionomia. A caricatura obriga o olhar a perceber no rosto o que não está nele, mas que passa a ser percebido uma vez realizado o desenho, aderindo implacavelmente à fisionomia do retratado. Alguns “desenhos” de Loredano são definitivos, concebem um olhar e servem como uma espécie de cânone visual para futuros desenhistas. Quem quiser desenhar hoje um Walter Benjamin, um Machado de Assis, uma Clarice Lispector, um Fernando Pessoa não pode desconhecer e não se deixar influenciar, para o bem e para o mal, pelos vários já realizados por Loredano.»

Luiz Camillo Osorio, in Introdução.
ISBN: 978-972-37-1471-5

«Cartoons do ano 2009»




«Meus caros senhores (e senhora)*
Fossem vocês um telejornal da TVI, e há muito tempo que teriam saído do ar. E com toda a razão. Este conjunto de ilustrações, cartunes e caricaturas é uma deliberada compilação de tiradas acintosas e remoques de gosto discutível, que em nada contribuem para a pacificação da pátria e muito menos dignificam as nossas estimadas instituições, tão carentes de amor. Afinal, onde é que está o respeitinho, meus senhores? Onde é que está o traço suave e a velha anedota graciosa, que deveria adornar as maravilhosas qualidades do nosso país e sublinhar o extraordinário esforço e desempenho de quem nos dirige?
Os senhores deveriam ter consciência das vossas responsabilidades e abrir os ouvidos quando intelectuais de renome vos tentam explicar, com infinita paciência, a diferença entre “liberdade” e “licenciosidade”. Deveriam escutar, com toda a atenção de que ele é invariavelmente merecedor, o nosso sábio primeiro-ministro, que já teve a oportunidade de clarificar que a liberdade só é bonita se for “respeitosa”. Ora, onde é que está a liberdade respeitosa neste livro, meus senhores? Onde está a temperança, essa virtude tão estimável? Não será hora de explicarem aos vossos leitores que cabala, que conspiração, que urdidura vos fez despejar tanta malvada ironia sobre estes desenhos, reduzindo à pilhéria os seriíssimos acontecimentos que assolaram Portugal e o mundo em 2009?»
João Miguel Tavares, in Introdução.
* João Miguel Tavares dirige-se aqui aos autores do livro.

ISBN: 978-972-37-1478-4

terça-feira, 9 de março de 2010

«Encontro Magick» - convite para lançamento no Grémio Literário

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Fernando Pessoa Empregado de Escritório


Poeta e ensaísta, João Rui de Sousa tem estudado — inclusive através do exercício da crítica literária — muitos dos mais representativos autores de poesia do século XX: de Almada Negreiros a Sophia de Mello Breyner, de Adolfo Casais Monteiro a Eugénio de Andrade, de Mário Saa a Alexandre O’Neill ou Mário Cesariny, de José Gomes Ferreira a António Ramos Rosa, de Vitorino Nemésio a David Mourão--Ferreira, de Jorge de Sena a Herberto Helder, entre tantos outros. Numerosos desses textos continuam dispersos por jornais e revistas. Alguns deles, porém, integram-se em livros organizados pelo autor ou foram recolhidos em colectâneas de carácter antológico.
Nesse âmbito de intervenção, assumem lugar significativo os estudos, de diferente intencionalidade e amplitude, levados a cabo pelo autor sobre o poeta dos heterónimos. Enquadra-se em tal linha de pesquisa, como é óbvio, a presente reedição, revista e aumentada, deste Fernando Pessoa, Empregado de Escritório. Trata-se de um trabalho, em larga parte tributário de um contacto intenso com o espólio pessoano, onde principalmente ressalta a trajectória profissional, vasta, do grande escritor (incluindo aí algumas singulares iniciativas empresariais por ele empreendidas). A indagação alarga-se a outras vertentes mais relacionadas com essa vivência, como por exemplo: os reflexos da profissão na sua obra literária; a sua teorização sobre economia, comércio e gestão; ou alguns sugestivos apontamentos sobre a
personalidade de quem foi, entre tantas outras coisas, um poeta ímpar e um competente correspondente de línguas em numerosos escritórios da Baixa lisboeta. Em suma, estamos perante uma obra que ajuda a sinalizar e a entender muito do universo concreto em que se situou e desenvolveu o génio criativo de Pessoa.


2ª edição, revista e aumentada
ISBN 978-972-37-1403-6

segunda-feira, 8 de março de 2010

Fragmentos de Píndaro


Entre 1803 e 1805, ao que tudo indica e tanto quanto é possível determinar aproximadamente uma data, Friedrich Hölderlin traduziu e intitulou nove fragmentos de Píndaro, juntando a cada uma das peças um comentário em prosa.
Estes textos, conhecidos como os Fragmentos de Píndaro — em algumas edições designados também por «comentários» ou «anotações» — são considerados não apenas como o último trabalho do longo percurso de Hölderlin como tradutor, mas muitas vezes também como a sua última «obra», intencional ou sistemática, antes do início do segundo período da sua vida em Tübingen, que se estende de 1806 a 1843.
Pela concisão cortante da sua forma e pela força da reflexão lapidar que contêm, os Fragmentos de Píndaro constituem um objecto insólito e propriamente inclassificável no conjunto de tudo o que Hölderlin escreveu. Mas representam também um ponto culminante no seu confronto com a questão obsessiva e fundamental da relação do poeta moderno com a sombra, tão insuperável quanto incontornável, da Antiguidade.
Tradução, notas e posfácio de Bruno C. Duarte
ISBN 978-972-37-1470-8

Pessoa - Crowley

Uma novela policial de Fernando Pessoa e toda a correspondência que lhe deu origem, com o «mago», poeta e pintor inglês Aleister Crowley, além de outras personalidades do mundo esotérico tão caro a Fernando Pessoa.
Compilações de rara iconografia da época, fac-símiles e notas elucidativas existentes no dossier Crowley – Pessoa, organizadas por um seu sobrinho.
«Miguel Roza desvenda ao público leitor de Fernando Pessoa os segredos do encontro do poeta com Aleister Crowley, ajudando a entender melhor as múltiplas facetas de um génio que não cessa de nos inquietar: como visionário, como experimentalista tão inovador ou mais do que os conhecidíssimos «manifestantes» futuristas, como excepcional tradutor (recorde-se o «Hino a Pã» de Crowley) e, last but not least, como inquiridor persistente dos mistérios da alma humana e, neste caso, de alguém que começou por admirar como mestre e iniciador: o célebre mago Crowley.
A ordenação dos materiais (correspondência, encomendas de obras, «montagem» do caso da Boca do Inferno, com o consequente desenvolvimento à escala europeia em Inglaterra e França)permite visionar o que eram os círculos artísticos do tempo, as tertúlias de café ou livraria, e a paixão, nos salões, por tudo o que tocasse à Clarividência, à Mediumnidade, à Iniciação espiritual ou mágica, tanto no caso de Crowley como do seu outro «associado» na Golden Dawn, MacGregor Mathers (Cabalista de renome, cuja tradução do Zohar se encontra na biblioteca de Pessoa). »
Y.K. Centeno

Compilação e considerações: Miguel Roza

ISBN 978-972-37-1383-1

sábado, 6 de março de 2010

Gato Maltês - dois de uma vez

Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes
«Lado a lado no Hotel de l’Étoile, Cocteau e Desbordes escrevem as suas novidades de 1928. Desbordes revê e acrescenta páginas a J’Adore, é lido e amorosamente incendiado por Cocteau; Cocteau, esse, passa ao papel palavras do que virá a chamar-se O Livro Branco, autobiografia sexual cortada por atrições místicas, cheia de máscaras e portas falsas. Os reconhecidos símbolos da sua futura obra já ali se alinham num cortejo anunciador de homens-cavalos, ciganos, marinheiros, espelhos onde o narciso se reflecte e vence a superfície que o mostra a envelhecer, a aproximar-se da morte. São personagens e objectos, dirá ele, que ao correrem para a sua verdade o arrastavam até à mentira; são o coração e os sentidos a formarem uma tal mistura, que lhe parece difícil comprometer aquele ou estes sem o resto ir atrásANÍBAL FERNANDES, na apresentação deste livro

Tradução, tábua e notas de Gil de Carvalho

Que poderia fazer o advogado quando se tornou um dado adquirido que, no seu escritório em Wall Street, albergava «um jovem escrivão pálido», Bartleby, ocupado a copiar ao preço habitual de quatro cents à página, mas que se recusava terminantemente a conferir o trabalho feito e nunca, por motivo algum, aceitava ser enviado para realizar qualquer recado?
Herman Melville, neste conto memorável, descreve o comportamento singular de um escrivão que, à medida que o tempo passa, se sente cada vez menos inclinado para cumprir as suas tarefas, respondendo, com uma calma desarmante, «preferia não o fazer».

sexta-feira, 5 de março de 2010

Pier Paolo Pasolini [5 de Março de 1922 - 2 de Novembro de 1975]

Pier Paolo Pasolini nasceu no dia 5 de Março de 1922 em Bolonha, filho de um oficial fascista e de uma mãe anti-Mussolini. Passou grande parte da sua infância em Casarsa della Delizia, a nordeste de Veneza.
Em 1937, Pasolini regressa à sua cidade natal, onde estuda história e literatura na Universidade de Bolonha. Publica, nesta altura, artigos na revista estudantil Architrave e começa a escrever poemas, editando a sua primeira colectânea, em edição de autor, no ano de 1942 (Poesia a Carsasa).
Filia-se, ainda jovem, no Partido Comunista, de onde viria a ser expulso por alegada homossexualidade, mas manter-se-á fiel à ideologia comunista até à sua morte.
A partir de 1949, a actividade literária de Pasolini intensifica-se, escreve poemas e romances, trazendo a publicação das duas primeiras partes de uma trilogia, Ragazzi di Vita (1955) e Una Vita Violenta (1959), a sua consagração enquanto escritor.
Foi, e ainda é, considerado um dos mais importantes e polémicos escritores italianos do século XX, tendo construído uma obra que reflecte as suas preocupações sociais e os seus ideais políticos.
Mas a fama internacional de Pasolini deve-se sobretudo à sua carreira cinematográfica. Iniciou-se como actor na década de 50 e estreou-se como realizador em 1961 com Accatone, uma adaptação do seu romance Una Vita Violenta. Os seus filmes abordam temas tão opostos como a religião (Il Vangelo secondo Matteo, 1964) e a sexualidade (Il Fiore delle Mille e une Notte, 1973), apresentando muitas vezes perspectivas controversas que nem sempre foram bem aceites pelo público.
Autor de poemas, romances, ensaios, argumentos, realizador e teórico de cinema, Pasolini foi uma figura polémica do século XX italiano. A sua morte violenta, em 1975, é vista por alguns como um assassinato por motivos políticos.
Obras de Pasolini na Assírio & Alvim

quinta-feira, 4 de março de 2010

Lewis Carroll

Obras de Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas,
na Assírio & Alvim.