quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Sérgio Godinho no Porto de Encontro


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No próximo domingo, dia 17 de dezembro, decorrerá um Porto de Encontro muito especial, com Sérgio Godinho. A partir das 17:00 na Biblioteca Almeida Garrett, no Porto. Não falte!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Entrevista na Ferin e apresentação na Quinta das Lágrimas

Amanhã, José Tolentino Mendonça estará na Livraria Ferin, a partir das 18:30, onde será entrevistado pela jornalista Maria João Costa em mais um «Ensaio Geral na Ferin», uma parceria entre a Livraria Ferin, a Rádio Renascença e a Booktailors. Apareçam!

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E também amanhã, em Coimbra, decorre uma apresentação do livro «O Concerto Interior — Evocações de um Poeta». A partir das 19h00, na Quinta das Lágrimas, com a presença do autor e apresentação a cargo do Professor Doutor Seabra Pereira, da Doutora Isabel Delgado e do Dr. António Arnaut. Se estiver em Coimbra ou passar por lá, não falte!

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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Lançamento dos «Diários» de Al Berto e Festa dos 40 anos da Assírio & Alvim

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No próximo dia 7 de dezembro, partir das 21:30, vamos ter uma excelente apresentação dos «Diários» de Al Berto feita por Golgona Anghel, leitura de excertos desses «Diários» por Luís Lucas, um concerto d'Os Poetas (um projecto musical de Rodrigo Leão e Gabriel Gomes) e música noite fora 
com o DJ Zeus, aka Jorge Pereirinha Pires, DJ Dub Fanatic, aka Helder Moura Pereira e DJ Victor Alves. No Frágil, pois claro!

A entrada é livre mas pedimos a todos que nos confirmem a sua presença pelo e-mail editora@assirio.pt. Contamos com a vossa presença!

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Próximas apresentações de livros


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Apresentação do mais recente livro de poesia de José Tolentino Mendonça, «Estação Central» — no próximo dia 29 de Novembro (quinta-feira), pelas 18h30, na Livraria Assírio & Alvim Chiado, com a presença do autor, apresentação a cargo de Manuel Gusmão e leitura dos poemas por Luís Miguel Cintra.


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E no dia seguinte, sexta-feira dia 30 de novembro, pelas 18h30, é apresentado na Livraria Lello, no Porto, o livro «O Concerto Interior — Evocações de um Poeta», de António Osório, com a presença do autor e intervenções de Mário Cláudio, Luís Miguel Queirós e Sara Araújo. Se está no Porto, não falte!

sábado, 24 de novembro de 2012

Marque na sua agenda - mais informações em breve...

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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Apresentação do livro «Estação Central», de José Tolentino Mendonça. Amanhã, no Porto

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Amanhã, pelas 21h30 no auditório da Biblioteca Municipal do Porto decorrerá uma apresentação do mais recente livro de poesia de José Tolentino Mendonça, «Estação Central», com a presença do autor, apresentação a cargo de Rui Lage e leituras por Rui Spranger. Se está no Porto, não falte!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Apresentação de «O Concerto Interior» em Setúbal

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Decorrerá amanhã pelas 21h30, no Fórum Municipal Luísa Todi em Setúbal, uma apresentação do mais recente livro de António Osório, «O Concerto Interior», com a presença do autor e intervenções de João Reis Ribeiro, Daniel Pires e António Carlos Cortez. Se está em Setúbal, ou vai passar por lá, não deixe de participar. Contamos com a sua presença!

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A Luz das Palavras — Homenagem a Manuel António Pina e Lançamento de Novos Livros


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Decorrerá no próximo domingo, dia 18 de novembro, um ciclo de homenagem a Manuel António Pina no Museu Nacional da Imprensa*, com o título «A Luz das Palavras». 

Para além da inauguração de uma exposição com o mesmo título, onde serão contempladas as facetas de jornalista, escritor e poeta de Manuel António Pina, serão também lançados nessa ocasião o inédito «Aniki-Bóbó», um ensaio de Manuel António Pina sobre o filme homónimo de Manoel de Oliveira, a reedição de «O Pássaro da Cabeça» e o livro de Ana Folhadela, «A Princesa e a Loba», entre outras atividades. A partir das 16:00.

O lançamento de «Aniki-Bóbó» decorrerá pelas 17h00, com apresentação a cargo do Dr. A. Roma Torres. O lançamento dos livros «O Pássaro da Cabeça» e «A Princesa e a Loba» decorrerá pelas 18h30, com apresentação de Álvaro Magalhães e Ana Folhadela e um momento musical pelo Bando dos Gambozinos, que musicou alguns dos poemas de «O Pássaro da Cabeça».

*Estrada Nacional 108, n.º 206 · 4300-316 Porto (ao Freixo)
Tel. 225 304 966 § www.museudaimprensa.pt


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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

125 anos do nascimento de Amadeo de Souza-Cardoso

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Hoje comemora-se o 125.º aniversário do nascimento de Amadeo de Souza-Cardoso. Um excelente pretexto para revisitar a obra deste genial artista português, precocemente desaparecido. Por exemplo, através dos livros que publicámos na Assírio:

http://www.assirio.pt/livros?palavra=amadeo


sexta-feira, 9 de novembro de 2012

40 anos de livros e de imaginação

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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

«Rumor Branco», 50 anos depois… Amanhã, na Fnac Chiado

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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Amanhã — a não perder!

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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Próximos Lançamentos — Contamos Consigo!

60 Canções de Sérgio Godinho — 7 de novembro, 
pelas 18h30, no El Corte Ingles de Lisboa

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Rumor Branco — 8 de novembro, pelas 19h00 
na Fnac Chiado

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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Manuel António Pina — 18/11/1943 § 19/10/2012




TODAS AS PALAVRAS

As que procurei em vão,
principalmente as que estiveram muito perto,
como uma respiração,
e não reconheci,
ou desistiram e
partiram para sempre,
deixando no poema uma espécie de mágoa
como uma marca de água impresente;
as que (lembras-te?) não fui capaz de dizer-te
nem foram capazes de dizer-me;
as que calei por serem muito cedo,
e as que calei por serem muito tarde,
e agora, sem tempo, me ardem;
as que troquei por outras (como poderei
esquecê-las desprendendo-se longamente de mim?);
as que perdi, verbos e
substantivos de que
por um momento foi feito o mundo
e se foram levando o mundo.
E também aquelas que ficaram,
por cansaço, por inércia, por acaso,
e com quem agora, como velhos amantes sem
desejo, desfio memórias,
as minhas últimas palavras.


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Hoje, a não perder!

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A Assírio & Alvim e a Bertrand têm o prazer de convidar V. Exa. para o lançamento do livro «O Concerto Interior - Evocações de um Poeta», de António Osório, que se realizará no dia 17 de outubro, pelas 18h30, na Bertrand Picoas Plaza, Loja C 0.9, Rua Tomás Ribeiro, cruzamento com a Rua Viriato, Lisboa.

A apresentação estará a cargo de José Manuel de Vasconcelos e Pedro Mexia. 

Contamos com a sua presença!


terça-feira, 16 de outubro de 2012

«5 Livros, 5 Autores», no Centro Nacional de Cultura

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Hoje no Centro Nacional de Cultura, pelas 19h00, fala-se de «Tempo da Música, Música do Tempo», de Eduardo Lourenço e de «De Amore», de Armando Silva Carvalho. Com Gilda Oswaldo Cruz, João Barrento, Ana Marques Gastão, Guilherme d'Oliveira Martins e a presença dos autores. Não falte!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O «Guia de Aves» na ObservaNatura



No próximo domingo, dia 14 de outubro pelas 14h30, decorrerá mais uma apresentação do «Guia de Aves», desta vez na ObservaNatura. Pode obter mais informações em www.observanatura.comDeixamos-lhe aqui tudo o que precisa de saber sobre como chegar e contamos com a sua presença!

Localização: Herdade da Mourisca (Moinho de Maré da Mourisca), Faralhão, a cerca de 6 km de Setúbal, na Reserva Natural do Estuário do Sado. 

O recinto da Feira pode ser atingido:

→ Desviando junto ao km 45 da N10, nas imediações da povoação de Alto da Guerra

→ Cerca de 700 metros depois deve desviar-se à esquerda, seguindo a indicação para “Moinho de Maré da Mourisca”

→ Ao fim de 1,4 km, e após passar a linha férrea, atinge-se a povoação de Mouriscas.

→ Aproximadamente 500 metros depois deve desviar-se na rotunda existente.


Como chegar de transportes públicos à Feira?

Comboio

Lisboa (Roma-Areeiro) – Setúbal – Lisboa
Ver horários em www.fertagus.ptt

Barreiro (ligação à Transtejo) – Setúbal – Barreiro
Ver horários em www.cp.pt

Autocarros

(Carreira número 797) 
Setúbal (Av. 5 de Outubro) – Mourisca  - Setúbal
Ver horário em www.tsuldotejo.pt

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A não perder! Domingo às 22h30 na RTP2

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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Lançamento do «Guia de Aves»

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A Assírio & Alvim e a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves têm o prazer de o/a convidar para o lançamento do Guia de Aves, que se realizará no próximo dia 6 de outubro, pelas 20h30, no Salão Paroquial de Sagres (Igreja de Sagres), na Rua do Mercado, por ocasião do III Festival de Observação de Aves de Sagres.

A apresentação estará a cargo de Clara Ferreira, Presidente da SPEA. 

Após o lançamento decorrerá um jantar — poderá inscrever-se enviando um e-mail para Joana Domingues (joana.domingues@spea.pt). Para mais informações contacte a SPEA (213 220 430).


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Novo site da Assírio & Alvim já disponível



Ficou hoje disponível ao público o novo site da Assírio & Alvim, em www.assirio.pt.

No novo site, os leitores poderão inteirar-se das últimas novidades, consultar as notícias sobre a Assírio & Alvim, conhecer melhor os seus autores favoritos e adquirir comodamente os livros da editora. Para que a poesia possa preencher um pouco do quotidiano, os visitantes poderão ainda consultar um poemário online, onde todos os dias será publicado um novo poema.

Parte integrante do Grupo Porto Editora desde 2012, a Assírio & Alvim continuará a contribuir para a disponibilização de um património literário riquíssimo, começando a publicar já este ano uma parte substancial da obra de Almeida Faria e dando início à coleção Obras de Eugénio de Andrade.

O catálogo da Assírio & Alvim, já com mais de mil títulos publicados, é eclético e reúne autores e obras de referência, da ficção ao ensaio, da literatura infantil às artes plásticas, da música à natureza, primando sempre pela qualidade das suas edições. É a editora de muitos dos maiores nomes da literatura nacional, e a qualidade dos seus livros tem vindo a ser reconhecida através dos inúmeros prémios atribuídos aos seus autores e às suas traduções.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Manuel Hermínio Monteiro — 10/09/1952 § 03/06/2001


Há muitos e muitos milhares de anos, a poesia aproximou-se do homem e tão próximos ficaram, que ela se instalou no seu coração. E começaram a ver o mundo conjuntamente estabelecendo uma inseparável relação que perdurará para sempre. Não demorou muito a que a poesia se emancipasse, autonomizando-se. Como uma rosa de cujas pétalas centrípetas emana a beleza e o mais intenso perfume, sem nunca prescindir da defesa vigilante dos seus espinhos, assim cresceu livre a poesia carregada de silencioso mistério e sedução.
Evitou sempre a vaidade. Mas o vento da história, inapercebidamente, por vezes, demorou-se nela libertando o seu perfume, soltando os seus enigmas, fazendo-a avançar com todo o esplendor. E nada existe que a poesia não tenha experimentado, desde o mais recôndito silêncio do deserto, ao fragor das batalhas mais sangrentas. Da mais humilde das intimidades, ao luxo sinuoso do palácio. Com o tempo, e já depois da comunhão primordial, era o homem, por necessidade de uma comunicação maior, que a procurava e lhe abria o coração, até que ela, muito discretamente, voltava a estremecer no seu sangue.
Poesia e homem criaram assim uma cúmplice e indissociável relação por todo o mundo, embora a História pouco se tenha disso apercebido. Hoje sabemos que haverá sempre seres humanos que a reconhecem pela substância do seu silêncio. Pelo tempo e lugar do seu rigor de ave de arribação. Pelo seu fulgor. Pelo seu perfume. Pela riqueza inesperada das suas sugestões. Com um pequeno gesto os poetas soltam o seu pólen que, levado pelas palavras vai eternamente fecundando os arcos da beleza que erguem o universo e o põem em comunicação com Deus.

Manuel Hermínio Monteiro na sua introdução ao livro «Rosa do Mundo — 2001 Poemas para o Futuro». 


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Camilo Pessanha § 07/09/1867 — 01/03/1926


AO LONGE OS BARCOS DE FLORES

Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, gracil, na escuridão tranquila,
— Perdida voz que de entre as mais se exila,
— Festões de som dissimulando a hora.

Na orgia, ao longe, que em clarões cintila
E os lábios, branca, do carmim desflora…
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, gracil, na escuridão tranquila.

E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora,
Cauta, detém. Só modulada trila
A flauta débil… Quem há-de remi-la?
Quem sabe a dor que sem razão deplora?

Só, incessante, um som de flauta chora…

Camilo Pessanha in «Clepsydra» (posfácio e fixação do texto de António Barahona)


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Mário Cesariny — 09/08/1923 § 26/11/200





O POETA CHORAVA…

O poeta chorava
o poeta buscava-se todo
o poeta andava de pensão em pensão
comia mal tinha diarreias extenuantes
mas buscava uma estrela (talvez a salvação?)
O poeta era sinceríssimo honesto total
raras vezes tomava o eléctrico
em podendo
voltava
não podendo
ver-se-ia
tudo mais ou menos
a cair de vergonha
mais ou menos
como os ladrões

E agora o poeta começou por rir
rir de vós ó manutensores
da afanosa ordem capitalista
depois comprou jornais foi para casa leu tudo
quando chegou à página dos anúncios
o poeta teve um vómito que lhe estragou
as únicas que ainda tinha
e pôs-se a rir do logro, é um tanto sinistro,
mas é inevitável, é um bem, é uma dádiva.

Tirai-lhe agora os versos que ele mesmo despreza,
negai-lhe o amor que ele mesmo abandona,
caçai-o entre a multidão.
Subsistirá. É pior do que isso.
Prendei-o. Viverá de tal forma
que as próprias grades farão causa com ele.
E matá-lo não é solução.
O poeta
O Poeta
O POETA
destrói-vos

in «Nobilíssima Visão»

quarta-feira, 11 de julho de 2012

A Obra de Eugénio de Andrade, em breve, na Assírio & Alvim…


OS AMANTES SEM DINHEIRO

Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.

Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.

Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Morreu Gerrit Komrij

Comunicado de imprensa da sua editora neerlandesa — De Bezige Bij


Também em nome da família, a editora neerlandesa De Bezige Bij informa que Gerrit Komrij faleceu ontem à noite, em Amesterdão, após um curto período de hospitalização.

Com ele perdemos um importante poeta, um autor e tradutor multifacetado, um grande estilista, um polemista mordaz e, sobretudo, um amigo querido. Gerrit Komrij foi um inspirador para gerações de poetas, escritores e jovens conquistadores dos céus, e continuará a sê-lo.

Gerrit Komrij (Winterswijk, Países Baixos, 30 de março de 1944) estreou-se em 1968 com o volume de poesia Maagdenburgse halve bollen en andere gedichten (Hemisférios de Magdeburgo e Outros Poemas), que atraiu logo a atenção pela poesia contra a corrente, rimada em formas fixas e um humor absurdista. Komrij manter-se-ia sempre fiel ao ofício de poeta. No total, publicou uma boa dúzia de livros de poesia, reunida em Alle gedichten tot gisteren (Todos os Poemas até Ontem, 2004). Em português, foi publicada a antologia poética Contrabando (Assísiro & Alvim, 2005). Sobre a secretária em Portugal deixou o volume Boemerang (Bumerangue), pronto para uma última revisão. O livro será publicado postumamente, neste outono.

Foi um crítico e colunista ímpar, compilador de antologias ‘definitivas’ de poesia neerlandesa e sul-africana, um tradutor produtivo (da obra dramática de Shakespeare, por exemplo) e autor de teatro, ensaio e romances.

Durante o ano de 1976, Gerrit Komrij foi um crítico impiedoso de televisão para o jornal NRC Handelsblad; as controversas críticas foram reunidas, em 1977, em Horen, zien en zwijgen (Ouvir, ver e calar). Enquanto crítico literário sentia afinidade com o espírito da época, de procura da verdade e sarcasmo. Nas décadas de setenta e oitenta, ganhou sobretudo fama como ensaísta, não se esquivando de qualquer tema que fosse, desde o feminismo à arquitetura. Também aqui, o seu estilo mordaz mostrou-se a sua arma mais importante. Os ensaios foram reunidos em, entre outros títulos, Heremijntijd (Minha Nossa, 1978), Papieren tijgers (Tigres de Papel, 1978), Averechts (Avesso, 1980), Het boze oog (O Mau Olhado, 1983), Humeuren en temperamenten (Humores e Temperamentos, 1989), Met het bloed dat drukinkt heet (Com o Sangue chamado Tinta, 1991), Morgen heten we allemaal Ali (Amanhã, todos nos chamamos Ali, 2010) e Kunstwonderen (Milagres Artificiais, 2011).

Em 1980, publicou o primeiro romance (autobiográfico), Verwoest Arcadië (Arcádia Destruída). Seguiram-se os romances Over de bergen (Atrás dos Montes, 1990; trad. portuguesa ASA, 1997), Dubbelster (Estrela Dupla, 1993), De klopgeest (O Poltergeist, 2001), Hercules (Hércules, 2004) e De loopjongen (O Moço de Recados, 2012).

Extremamente bem conseguidas e influentes foram as suas colossais antologias poéticas, nomeadamente De Nederlandse poëzie van de 19de en 20ste eeuw in duizend en enige gedichten (A Poesia Neerlandesa dos Séculos XIX e XX em mil e um poemas, 1979) e De 21ste eeuw in 185 gedichten (O Século XXI em 185 poemas, 2010). Hilariante é a sua antologia caprichosa Kakafonie. Encyclopedie van de stront (Cacafonia. Enciclopédia da Merda, 2006).

Komrij ganhou muitos prémios, entre os quais o prémio nacional P.C. Hooft 1993 pelos seus ensaios e o Mocho Dourado (Gouden Uil) 1999 pelo volume de ensaios poéticos In Liefde Bloeyende (Florescendo em Amor). Em 2000, foi-lhe concedido o doutoramento honoris causa da Universidade de Leiden.

De 2000 a 2004, foi o primeiro poeta laureado neerlandês, papel que desempenhou com muito brilho.

Gerrit Komrij viveu em Amesterdão até 1984, ano em que se mudou para Portugal, que evocou magistralmente em Een zakenlunch in Sintra (Um Almoço de Negócios em Sintra, ed. portuguesa ASA, 1999), Atrás dos Montes e Vila Pouca (2008), título nomeado para o prémio Gouden Uil 2009.

Durante décadas, Gerrit Komrij conseguiu, com a sua alegria desenfreada e perspicácia, criar movimento na paisagem literária. Ajudou a mudá-la e agora partiu dela. ‘De papel sois e a papel voltareis.’ (De: Da Capo, Morgen heten we allemaal Ali).


TUDO CONTINUA

Aí se erguia uma parede em que toquei.
A parede foi demolida. O entulho
Serviu mais adiante de fundamento.
Uma árvore plantei no meu jardim.

Que foi asfaltado. A cinco metros
De fundo, a raiz contém-se, amuada.
Meio milénio se preciso. Um dia
Chega a Marte a pneumónica porque tossi.

Houve um amigo a quem escrevia,
Uma rocha onde gravei o meu nome.
Somos parte de tudo enquanto vivemos
E tudo continua quando morremos.

(de: Luchtspiegelingen [Miragens], 2001)

Amesterdão, 6 de julho de 2012
Editora De Bezige Bij

Francien Schuursma, Diretora Comunicação e Gestão de Autores
(tradução Arie Pos/Fernando Venâncio)

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Gerrit Komrij § 1944-2012




A TERCEIRA PAISAGEM

Quando num tacho em varanda abrigada
Floria o aloendro, era uma festa.
Agora que tens ao sol do Sul morada,
De plátano e carvalho o sonho resta.

Com a ventura, assim, sempre a fugir,
Andar de cá para lá fez-se preciso,
Que as árvores todas poder reunir
Só num local chamado paraíso —

O sítio onde estarias deslocado.
Porque pousar um pé que fosse aí
Era o fim da cantiga mais certeiro.

Antes assim. Sem o carvalho em ti,
Escapava-te o milagre do pinheiro:
Ter numa agulha a folha por inteiro.

in «Contrabando — uma antologia poética», tradução do neerlandês de Fernando Venâncio

terça-feira, 3 de julho de 2012

Franz Kafka § 03-07-1883 | 03-06-1924

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A Assírio & Alvim celebra o  aniversário de Kafka com a publicação de «Os Contos, 2.º Volume — textos não publicados em vida do autor», traduzido do alemão por José Maria Vieira Mendes, Manuel Resende, Teresa Seruya e Álvaro Gonçalves, este último também responsável pela coordenação, selecção, introdução, notas e cronologia. Um livro que estará disponível nas livrarias ainda durante o mês de Julho: Kafka publicou apenas sete pequenos livros, todos incluídos n’Os Contos – 1.º volume – textos publicados em vida do autor. Paralelamente escreveu dezenas de contos, uns, mais ou menos «completos», outros, fragmentários, outros ainda em versão de esboço. O volume que aqui se apresenta traça um limite na selecção de textos que recai no ano de ruptura de 1917, marcado pelo diagnóstico da doença pulmonar de Kafka, que o obriga a uma longa estada no campo (do Outono de 1917 até à Primavera de 1918), na localidade histórica de Zürau, numa quinta de sua irmã Ottla, e que representa uma viragem na sua produção literária.

Franz Kafka nasceu em 1883 em Praga, de uma família pertencente à pequena burguesia judia de expressão alemã. Frequentou o liceu alemão e posteriormente a Universidade Alemã de Praga, onde terminou os estudos jurídicos, obtendo o título de Doutor em Direito, em 1906. Começou a escrever os primeiros textos em 1907, enquanto trabalhava como assessor jurídico em companhias de seguros, onde ficou até à sua aposentação por motivos de doença. Em 1917 sofreu os primeiros sintomas de uma tuberculose de que viria a falecer a 3 de Junho de 1924.





quarta-feira, 27 de junho de 2012

Lançamento do livro «Assim Seus Olhos», de Pedro Strecht

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A Assírio & Alvim convida-o(a) para o lançamento do livro «Assim Seus Olhos — O lugar da esperança no futuro das crianças e dos adolescentes», de Pedro Strecht, que terá lugar no próximo dia 30 de junho, sábado, pelas 18:30, na Livraria Assírio & Alvim | Chiado*.

Este lançamento contará com a participação de Ana Vieira de Almeida, António Marques e Miguel Manso e ainda com as crianças da sala dos 5 anos da Cooperativa A Torre. Contamos também com a sua presença!

*Pátio Siza — Entrada pela Rua Garrett, 10
ou pela Rua do Carmo, 29, Lisboa

terça-feira, 26 de junho de 2012

Um País Que Sonha no Instituto Cervantes



Com excepção da poesia brasileira, a lírica latino-americana é pouco conhecida em Portugal. Não abundam as traduções e as antologias são inexistentes. Com esta edição, a Colômbia é o primeiro país da América Hispânica que apresenta um conjunto significativo dos seus poetas ao público lusitano. Sessenta e seis autores nascidos entre 1865 e 1965, na tradução do poeta Nuno Júdice.

Apresentação, no próximo dia 28 de junho, pelas 18h30, no Instituto Cervantes, em Lisboa. Estarão presentes Lauren Mendinueta, responsável pela organização deste livro, e Nuno Júdice.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

«De Amore», de Armando Silva Carvalho § Lançamento

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Amanhã, pelas 19h00, assista ao lançamento de «De Amore», de Armando Silva Carvalho. Na Livraria Assírio & Alvim | Chiado*, com apresentação a cargo de José Manuel de Vasconcelos.


*Pátio Siza — Entrada pela Rua Garrett, 10 ou pela Rua do Carmo, 29. Lisboa

segunda-feira, 18 de junho de 2012

A não perder!

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É já na próxima quarta-feira, dia 20 de junho, pelas 18:30, o lançamento de três importantes livros de Fernando Pessoa: O Mendigo e Outro Contos,Histórias de um Raciocinador e o ensaio «História Policial», e Cartas de Amor de Fernando Pessoa e Ofélia Queiroz.

No final da apresentação, que estará a cargo de Richard Zenith, Ana Maria Freitas e Manuela Parreira da Silva, serão lidas algumas cartas de Fernando Pessoa e Ofélia Queiroz pelos atores Luciana Ribeiro e Jorge Albuquerque.

Esta sessão terá lugar na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa.

Contamos consigo!


quarta-feira, 13 de junho de 2012

FERNANDO PESSOA | 13/06/1888 - 30/11/1935



415.

As figuras imaginárias têm mais relevo e verdade que as reais.

O meu mundo imaginário foi sempre o único mundo verdadeiro para mim. Nunca tive amores tão reais, tão cheios de verve, de sangue e de vida como os que tive com figuras que eu próprio criei. Que leais! Tenho saudades deles porque, como os outros, passam...

Bernardo Soares, in «Livro do Desassossego» (edição de Richard Zenith).

terça-feira, 5 de junho de 2012

Federico García Lorca § 05/06/1898 — 19/08/1936



sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ler Mais Ler Melhor § 3ª edição do Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho


quinta-feira, 31 de maio de 2012

Walt Whitman § 31/05/1819 — 26/03/1892


terça-feira, 15 de maio de 2012

Já nas livrarias


Estão reunidos neste volume alguns contos de Fernando Pessoa, uma parte apenas da vasta prosa ficcional que o autor nos deixou. Contos filosóficos, ou intelectuais como Pessoa chegou a chamar-lhes, contos paradoxais quando as situações que apresentam contrariam o senso comum, contos em jeito de fábula, com uma moralidade final e ainda outros. Todos eles parte integrante do universo pessoano. Há diálogos filosóficos com enigmáticos mestres que assumem diferentes rostos de conto para conto — o mendigo, o eremita, o bêbado – transmitindo as suas máximas a quem os encontra no caminho. Um caminho iniciático até uma diferente dimensão, percorrido pelo peregrino do conto com o mesmo nome, que segue a estrada até ao fim impelido pelas palavras de um homem de preto. Outro tipo de diálogo é aquele que se desenvolve entre o marinheiro e quem o encontra, de madrugada, no Cais das Colunas, local de onde se avista uma outra margem. Estas narrativas, até aqui inéditas ou pouco conhecidas, irão surpreender os leitores de Fernando Pessoa. § 144 páginas; P.V.P.: 13 €


Corria o ano de 2001 quando a Assírio & Alvim publicou a primeira edição da Poesia Reunida de Manuel António Pina. Pouco depois escrevia Eduardo Prado Coelho no Público: «Talvez agora, no momento em que a Assírio & Alvim publica a Poesia Reunida de Manuel António Pina, estejamos em condições de poder afirmar que nos encontramos perante um dos grandes nomes da poesia portuguesa atual. Uma extrema delicadeza pessoal, uma discrição obsessiva, uma cultura ziguezagueante e desconcertante, mas sempre subtil e envolvente, um sentido profundo da complexidade da literatura, e também, sobretudo, da complexidade da vida, têm talvez impedido a descoberta plena e mediática deste jornalista e homem de letras também voltado para os jogos mais leves e embaladores da literatura infantil. Contudo, torna-se imperioso dizê-lo agora: este tom deliberadamente menor sustenta uma obra maior da literatura portuguesa». A edição que agora se apresenta, numa belíssima edição encadernada e substancialmente ampliada, inclui todo o trabalho poético do autor de 1974 a 2011. Este livro é recomendado pelo Plano Nacional de Leitura (Leitura Orientada na Sala de Aula — 9.º Ano, Grau de Dificuldade II). § 400 páginas; P.V.P.: 20 €


O Têpluquê e Outras Histórias é um livro onde os jogos linguísticos e as derivações da imaginação servem de motivo para escrever contos fantásticos de escaravelhos contadores de histórias, personagens com nomes estranhos e pensamentos com vontade própria. Um livro para sorrir e imaginar. Agora em novo formato. § 96 páginas; P.V.P.: 13 €


Logo no início deste livro, em jeito de epígrafe ao poema que lhe oferece o título, Jorge Sousa Braga lança o mote: «Para acabar de vez com os direitos humanos / e restaurar os direitos divinos». E ainda assim, recorrendo a um notável discurso poético e a uma ironia mordaz, o poeta transporta-nos do Universo para o particular e da dimensão divina para a dimensão humana que também é, afinal, divina. Não espanta assim que na conclusão de um salmo afirme: «Não foi por mim que tu morreste / embora eu seja capaz de morrer por ti». Um livro surpreendente, este O Novíssimo Testamento e outros poemas, de Jorge Sousa Braga. § 56 páginas; P.V.P.: 9 €

DURANTE O SONO

Durante o sono retiraram-me uma costela
Ficou-me no peito um vazio que não consigo preencher
Custa-me a respirar
Eu quero de volta a minha costela
quero de volta todas as costelas
Quero de volta o paraíso
quero de volta o silêncio rumorejante
quero de volta as poluções nocturnas
e diurnas
Quero uma mulher
feita de chuva
e vento
e fogo
e neve
e luz
e breu
e não de argila
como eu