Mário Cesariny
[9 de Agosto de 1923-2006]
julião os amadores
Já nada temos a fazer sobre a Terra esperemos de olhos fechados a
passagem do vento
dizia eu dizia eu
que é sobre a missa branca do teu peito que se erguem os palácios
rasos de água
no escuro no escuro
alguém nos levará tocando-nos com um dedo nós trémulos,
deitados, sem dizer palavra, morreremos de ter-nos
conhecido tanto
e depois? e depois?
depois o halo de uma fita azul o martelo esquecido sobre a pedra
de um sonho
mas os salões? e a casa?
e o cão que nos seguia?
o teu rosto meu rosto
este homem alto
o Sol
in Uma Grande Razão — Os poemas maiores
sábado, 9 de agosto de 2008
Mário Cesariny
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DESPEDIDA
Para o Mário Cesariny
Incendiei todos os livros
com que cresci
que vós me destes a ler,
todas as recordações
suicidas da memória
Deixei de ser quem era,
um elo ou uma corda
na velha roda
um berro ou um filho da
vossa Glória
Sim!
Abandonei o meu casaco e as
calças de puro linho
a meio da escadaria de marfim
e também o telemóvel
e o computador portátil
onde a minha alma se inscrevia...
Deitei toda a grandeza fora,
a doce realeza de uso caseiro
a plácida e boa aurora
própria de quem traz louros na cabeça
e come papa o dia inteiro
E subi a enorme escadaria...
Aqui e ali alucinações,
moedas tilintantes
e apáticos ajudantes
como no livro de Dante...
E chegado ao cimo da torre,
nu, entreguei-me à vida
à imensa corrente, perturbante,
de pó, estrelas e magia colorida
e elevei-me cada vez mais
qual cotovia no céu azul
para lá das florestas siderais
para lá dos arranha-céus,
para lá dos grandes pantanais ...
e com uma gargalhada homérica
caguei e mijei sobre todos vós,
ó velhos hipócritas, rococós,
e tudo, tudo o demais!
Agora
que já nada tinha a fazer sobre a Terra ...
....................
sou companheiro dos anjos
Boa tarde. Tentei por várias vezes contacto com a vossa editora, departamento comercial, por email para uma parceria de divulgação. Mas nunca obtive resposta. Podem-me dizer porquê?
Nuno
http://umfernandopessoa.blogspot.com
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