Edmundo de Bettencourt
[7 de Agosto de 1899-1973]
ONDULAÇÃO
O luar ondula
fluindo e refluindo
para não acabar a maré cheia
nesta praia onde
imponderável eu me encontre indo
— o pensamento em rumos ignorados
e ao sabor de presságios...
Em breve, à minha volta no areal,
esperanças, de branco, vaporosas,
chorando alto naufrágios
à vista da magia de seus mundos,
com suas lágrimas,
quais enxadas na terra, ponderosas,
cavarão sulcos fundos.
E elas ali se hão-de enterrar
quando o luar fugir...
Mas com elas enterrarei os meus insultos
à minha nobre angústia de vibrar,
à minha vã desgraça de sentir!
in Poemas de Edmundo de Bettencourt
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Edmundo de Bettencourt
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