sexta-feira, 6 de junho de 2008

Feira do Livro — Livros do dia

Sexta-feira, 6 de Junho de 2008

Pavilhão 34
A Minha Andorinha
Miguel Esteves Cardoso
P.V.P.: 19 €
Preço de Feira: 11 €








«Não há nada pior que um ajuntamento espontâneo de populares. Juntam-se muito neste país. É para ver quem morreu ou para espancar um desgraçado que matou os filhos e as galinhas. É para jogar à vermelhinha ou para comprar Lacostes da treta que, em vez de um crocodilo, têm um sardão das Berlengas. À mínima desculpa os populares, que estão maçados e anseiam distracção, juntam-se. Deveria ser proibido, fora de feiras e romarias. Bem vistas as coisas, também deveriam ser proibidas as feiras e as romarias, porque já está demonstrado que encorajam o contacto entre as pessoas. […]
Mas não divaguemos porque há muito para desbastar. Por exemplo, aqueles pedintes que, em vez de apresentar oralmente o seu apelo, no estilo tradicional, produzem um extenso texto miserabilista, escrito em português ilegível, a dizer que já estiveram melhor e que praticamente estão como hão-de ir. Aquelas senhoras que sabem os nomes de todos os bolos e fazem gala disso. Em vez de apontar com o dedo, para a montra, como os mortais comuns que têm mais que fazer, começam a recitar as suas cabalas maçónicas: “Um jesuíta, uma margarida, um charleston, um torno-mecânico-de-seis-bicos, um berimbau, um gonzaguinha e dois pastéis de nata.”»

Miguel Esteves Cardoso



Pavilhão 21
Poemas
Almada Negreiros
P.V.P.: 21 €
Preço de Feira: 13 €













Iniciou-se a obra completa de José de Almada Negreiros com a publicação de Poemas, numa edição exemplarmente organizada por Luís Manuel Gaspar, Mariana Pinto dos Santos e Fernando Cabral Martins. Incluem-se, neste volume, treze poemas inéditos como «Chez Moi», que nunca havia sido publicado em Portugal, e uma secção com poemas variantes que, por vezes, assumem a forma de fragmentos, como «O Menino d’Olhos de Gigante».
Poesia, pintura e desenho entrecruzam-se, naquilo que Fernando Cabral Martins descreveu como sendo uma «singularidade única na moderna história cultural portuguesa, das suas práticas artísticas, que têm a poesia e a pintura como faces mais visíveis e o teatro como referente último».

Sem comentários: