sexta-feira, 28 de maio de 2010

Feira do Livro de Lisboa (e a do Porto já tão perto!). Ainda o debate sobre um prolongamento que acabou empatado... e outras questões

Perguntava, há dias, uma nossa amiga do Facebook: «Não percebo: não é bom que a Feira do Livro se prolongue? Para todos?»

E nós respondemos: «Sim, é bom para os leitores e nós também gostamos muito de estar nas Feiras do Livro e de conviver com os leitores dos livros que editamos, mas não há contradição nisto [em sermos contra o prolongamento].
A Feira do Livro de Lisboa tinha sido marcada, anunciada e organizada pelos participantes com um determinado número de dias e há que ser rigoroso nestas coisas, não acha? Faça chuva ou faça sol, risco que se corre em eventos realizados ao ar livre, onde achamos que a Feira (Festa) do Livro se deve manter.
No mundo do livro e da leitura há vários intervenientes e, entre eles, os livreiros (e há-os muito bons por esse país fora) ocupam um lugar muito importante. Há, pois, que ter muito cuidado com comportamentos que ponham em causa a sobrevivência de uma boa rede de livrarias, indispensável ao enriquecimento e progresso [cultural e económico] do nosso país.»

E acrescentávamos, numa outra troca de impressões: «Dissemos NÃO ao prolongamento da Feira do Livro de Lisboa, bem como à happy hour, por respeito aos livreiros com quem sempre contámos e queremos continuar a contar. Somos dos que acham que aquilo que é mau para os livreiros não é bom para os editores, evidência que ainda escapa a muita gente dos livros. Estivemos no seu prolongamento (que acabou empatado) apesar do mail da APEL a "permitir" (!) que fechássemos antes da nova data de encerramento, pelo muito respeito que nos merecem os nossos leitores.»

Neste momento há um debate a correr em vários blogues, entre eles os das livrarias Pó dos Livros, A das Artes e Trama, e ainda no Isto Não Fica Assim!, do Encontro Livreiro, no Cadeirão Voltaire, de Sara Figueiredo Costa, na Frenesi, no Irmão Lúcia, de Pedro Vieira, e no Chapéu e Bengala, de Manuel Medeiros, o «Livreiro Velho».
Achamos que este é um debate necessário e urgente. Seguimo-lo com muito interesse e apelamos a que outros entrem num DEBATE que deve dar corpo e sequência ao PROTESTO e que, para além do prolongamento, pense outras questões, como a duração da Feira do Livro (não seriam suficientes 9, 10 dias?), as datas das feiras de Lisboa e Porto (não é já claro que estas datas não servem?), a proliferação de feiras que praticam descontos escandalosos em livros acabados de chegar às livrarias, a aplicação da Lei do Preço Fixo, etc., etc., um sem fim de questões que pedem, há muito, solução.
A solução dos problemas do livro e da leitura em Portugal exige a ultrapassagem de uma visão maniqueísta que alija responsabilidades e aponta o dedo e apenas vê o argueiro no olho do outro. E se olhássemos, por momentos, para dentro e nos perguntássemos o que temos feito nós para a encontrar? Fica a pergunta.

Post Scriptum em 29 de Maio de 2010: No Actual /Expresso de hoje (p. 34) António Guerreiro escreve «Sobre o arraial das livrarias e a Feira do Livro». Uma opinião a ter em conta e a engrossar um debate necessário e urgente. Não resistimos a reproduzir a última frase: «Esta coisa do mercado dos livros afeiçoou-se primeiro ao espectáculo e já vai, como é visível, no espectáculo grotesco.»

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