«Meus caros senhores (e senhora)*
Fossem vocês um telejornal da TVI, e há muito tempo que teriam saído do ar. E com toda a razão. Este conjunto de ilustrações, cartunes e caricaturas é uma deliberada compilação de tiradas acintosas e remoques de gosto discutível, que em nada contribuem para a pacificação da pátria e muito menos dignificam as nossas estimadas instituições, tão carentes de amor. Afinal, onde é que está o respeitinho, meus senhores? Onde é que está o traço suave e a velha anedota graciosa, que deveria adornar as maravilhosas qualidades do nosso país e sublinhar o extraordinário esforço e desempenho de quem nos dirige?
Os senhores deveriam ter consciência das vossas responsabilidades e abrir os ouvidos quando intelectuais de renome vos tentam explicar, com infinita paciência, a diferença entre “liberdade” e “licenciosidade”. Deveriam escutar, com toda a atenção de que ele é invariavelmente merecedor, o nosso sábio primeiro-ministro, que já teve a oportunidade de clarificar que a liberdade só é bonita se for “respeitosa”. Ora, onde é que está a liberdade respeitosa neste livro, meus senhores? Onde está a temperança, essa virtude tão estimável? Não será hora de explicarem aos vossos leitores que cabala, que conspiração, que urdidura vos fez despejar tanta malvada ironia sobre estes desenhos, reduzindo à pilhéria os seriíssimos acontecimentos que assolaram Portugal e o mundo em 2009?» João Miguel Tavares, in Introdução.
* João Miguel Tavares dirige-se aqui aos autores do livro.
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