Sexta-feira, 30 de Maio de 2008
Pavilhão 34
Poesias Completas
Alexandre O'Neill
P.V.P.: 33 €
Preço de Feira: 20 €
«A meio do século passado já me apercebera, confusamente, que tanto ou mais do que eu estavam doentes as palavras. Uma terapêutica, a do alambique, levaria à meditação do branco sobre o branco, e no melhor dos casos ao silêncio. A da ignição, se permitia revelações — nos teus bonitos, banais, olhos castanhos, o favor do seu "verde secreto" — carregava ainda as execráveis maiúsculas "Amor, Aventura, Poesia", e com elas a fantasmagoria do sagrado, a "vida mentirosa, mental". Outra começava em No Reino da Dinamarca, dura e feroz como a abrir nos fora dito: "diamante cruel". Supunha um diagnóstico: o destino como "solidão e mágoa", o "quotidiano não", a vida que "não vivemos", a vizinhança do grotesco normal, do vil decente, e ainda, contudo, o beijo do "jovem amor que recebeu / mandado de captura ou de despejo". Sobretudo, para quem lia ou, pior, escrevia versos, mandava romper com a "poética poesia", afastar os "cabeleireiros de palavras, / pirotécnicos do estupor", lutar contra o "bonito" para fazer "bom". Noutra aparentemente diversa circunstância, quanta merecida e salutar bofetada nos dá O’Neill. Ir, ao contrário, buscar saúde à linguagem doente, no sarcasmo e no jogo, no sem cerimónia e no impuro; e a meio, dizer serenamente algumas verdades decisivas, algumas emblemáticas: que o medo "tudo vai ter" ou o "remorso de todos nós". Mallarmé, — "a tristeza é que não há por lustro um", decerto sob o lustre – não se limitava, não se limita para nós, a reduzir o pobre mundo nosso às sobras do poema; diz-nos antes que a poesia pode e deve atravessar a realidade toda, até ao singular e insigificante, e ao impossível que lhe resiste, tipo mosca Albertina. Tornar-se livro o mundo, é tornar-se mundo o livro, e ainda, não coincidirem nunca. Com perdão das maiúsculas: dessa exigência, ética, Alexandre O’Neill é exemplo, que não segue só quem o imita.»
António Franco Alexandre in A Phala, n.º88
Pavilhão 21
Poesia (edição encadernada)
Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
P.V.P.: 25 €
Preço de Feira: 13 €
A Poesia de Alberto Caeiro, peça central e fundadora da heteronímia pessoana, aparece aqui numa excelente edição de Richard Zenith e Fernando Cabral Martins. Leituras melhoradas, poemas e fragmentos inéditos e posfácios de ambos os investigadores constituem um significativo enriquecimento do «corpus» até agora conhecido. A leitura destes poemas permite-nos compreender, como Caeiro, «que a Natureza existe. Verifiquei que as árvores, os rios, as pedras são cousas que verdadeiramente existem. Nunca ninguém tinha pensado nisso.»
2 comentários:
o link já está na Pastelaria
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