segunda-feira, 12 de março de 2012

Vaslav Nijinski § 12/03/1889 — 08/04/1950



«[…] Gosto das canções russas. Gosto da língua russa. Conheço muitos russos que não são russos, porque falam uma língua estrangeira. Sei que um russo é um homem que ama a Rússia. Eu amo a Rússia. Amo a França. Amo a Inglaterra. Amo a América. Amo a Suíça, amo a Espanha, amo a Itália, amo o Japão, amo a Austrália, amo a China, amo a África, amo o Traansval. Quero amar toda a gente, é por isso que sou Deus. Não sou russo, nem polaco. Sou um homem, não um estrangeiro, nem um cosmopolita. Amo a terra russa. Hei-de construer uma casa na Rússia. Sei que os polacos me vão amaldiçoar. Compreendo o Gogol, porque ele amava a Rússia. Eu também amo a Rússia. A Rússia sente mais do que os outros. A Rússia é a mãe de todos os Estados. A Rússia ama toda a gente. A Rússia não é política. A Rússia é amor. Hei-de ir à Rússia mostrar este livro. Sei que, na Rússia, há muita gente que me vai compreender. A Rússia não é os bolcheviques. A Rússia é a minha mãe. Amo a minha mãe. A minha mãe vive na Rússia. É polaca, mas fala russo. Arranjou trabalho na Rússia. Eu fui criado com pão russo e sopa de couve. Gosto de sopa de couve sem carne. Sou o Tolstoi, porque gosto de sopa de couve. Quero amor para a minha Rússia. […]»

Vaslav Nijinski, Cadernos; edição Assírio & Alvim.

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