Faleceu no dia 1 de Agosto, na companhia dos familiares mais próximos, o poeta e filósofo M. S. Lourenço. Tinha 73 anos e morreu após uma luta prolongada com o cancro.
Nascido em Sintra, a 13 de Maio de 1936, Manuel dos Santos Lourenço licenciou-se em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, partindo para a guerra colonial em Angola em Julho de 1961, experiência traumática que o marcaria para toda a vida. Já antes (1960) saíra em Lisboa o seu primeiro livro, O Desequilibrista, onde juntou textos em verso, em prosa e em registo dramático. Em 1962 foi publicada, sob o pseudónimo Alexis Christian von Gribskoff, a primeira edição de O Doge (2ª edição alterada, 1998), um romance miniatural cuja originalidade de conteúdo não tem paralelo na literatura portuguesa.
De resto, M.S. Lourenço seguiu sempre um caminho individual, alheado de tudo o que se passava à sua volta nas letras nacionais, razão pela qual a sua obra poética permanece ainda hoje desconhecida do público em geral. Seguiram-se mais tarde outros livros de poesia: Arte Combinatória (1971), Wytham Abbey (1974), Pássaro Paradípsico (1979, com magníficas ilustrações originais de Mário Cesariny) e Nada Brahma (1991). No campo do ensaio literário, ficaram célebres as crónicas d’ O Independente, mais tarde coligidas no volume Os Degraus do Parnaso (1991), que ganhou o Prémio D. Diniz da Fundação da Casa de Mateus.
No campo filosófico, M.S. Lourenço prosseguiu os seus estudos na Universidade de Oxford (1965-1968) e traduziu o Tratado Lógico-Filosófico e as Investigações Filosóficas de Ludwig Wittgenstein (Fundação Gulbenkian). É autor de A Espontaneidade da Razão (Imprensa Nacional) e Teoria Clássica da Dedução (Assírio & Alvim).
M.S. Lourenço casou duas vezes: da primeira mulher, Manuela, teve dois filhos, o helenista Frederico Lourenço e a bailarina clássica Catarina Lourenço. Da segunda mulher, a psicanalista austríaca Sylvia Wallinger, teve uma filha, Leonor, que morreu vítima de leucemia aos 20 anos em 2001. Foi professor catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa até se jubilar aos 70 anos.
A sua obra poético-literária reunida será lançada pela Assírio & Alvim no Outono deste ano, com o título O Caminho dos Pisões.
4 comentários:
e tão mais pobre que fico.
desolada.
:(
muito.
obrigada por este post.
espero comprar o v livro.
espero-O.
cumprimentos.
As minhas condolências mais sentidas, sobretudo à familia... espero que O Desequilibrista e O Doge façam parte da obra que se propoem publicar. A obra do Professor M s Lourenço merece ser lida e conhecida
Não concordo inteiramente que M S Lourenço tenha estado alheado das letras nacionais. Tanto quanto sei, esteve muito próximo de Nuno Bragança, para quem traduziu expressamente poemas anglo-saxónicos incluídos nas primeiras obras dele.
E os seus primeiros livros de poesia foram editados pela Moraes, editora que concentrava o que de melhor e mais inovador se fazia na época.
Fiquei muito triste com a notícia do seu falecimento. Reconhecia nele uma mestria e uma erudição muito próxima do que eu quero.
Today, I found a postcard from Manuela dated August 8, 1966. After much searching I succeeded in finding this sad obituary. Manual and Manuela and I were close friends in Oxford.
If this can reach anyone, let me express my extreme sadness at the passing of Manuel, with whom my former husband and I spent many a happy hour.
May he rest in peace.
Arlene Corwin (formerly Council)
September 30, 2014
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