O Tigre Tigre Tigre, brilho em brasa,Que a floresta à noite abrasa:Que olho eterno ou mão podia,Traçar-te a fera simetria?Em que longe lerna ou céus,Arde o fogo de olhos teus?Em que asas ousa ele ir?Que mão ousa o fogo asir?
E qual ombro, & qual arte,Pode os tendões do cor vergar-te?Quando a bater teu cor se pôs,Que atroz mão? que pé atroz? Qual martelo? qual o grilho,Foi teu cér'bro em que fornilho?Que bigorna? que atra garra,Teu mortal terror amarra!
Quando estrelas dardejaramE com seu pranto os céus molharam:Sorriu vendo o feito o obreiro?Quem fez a ti fez o Cordeiro?
Tigre Tigre brilho em brasa,Que a floresta à noite abrasa:Que olho eterno ou mão podia,Ousar-te a fera simetria?
William Blake, Canções de Inocência e de Experiência
Tradução de Jorge Vaz de Carvalho, Assírio & Alvim, 2009, pp. 88-89.
1 comentário:
estive a folhear esse livro numa livraria, hesitei em comprá-lo, apesar de o ter considerado de mto boa qualidade gráfica (o que seria de esperar!). Vou voltar a procura-lo na livraria.
Parabéns! e votos de um bom natal
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