segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Quintas de Leitura com Golgona Anghel e Daniel Jonas

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terça-feira, 18 de novembro de 2014

Manuel António Pina — 18/11/1943 § 19/10/2012

(© António Sabler. Clique na imagem para a aumentar)



MATÉRIA DE ESTRELAS


Porque é tudo para sempre, mesmo a efémera morte,
encontrar-nos-emos eternamente
e nunca mais nos veremos.
O impossível volta a ser impossível. Para sempre.

Impossível é cada manhã aberta,
um deus sonha consigo através de nós.
Às vezes quase posso tocá-lo, ao deus,
surpreendê-lo no seu sono, também ele real e efémero.

Matéria, alma do nada,
os mortos ouvem a tua música sólida
pela primeira vez, como uma respiração de estrelas.
A sua intranquilidade transforma-se em si mesma, música.


Manuel António Pina, in «Todas as Palavras - poesia reunida (1974-2011)», ed. Assírio & Alvim.



ESTA NOITE, NO PORTO:

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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Sophia de Mello Breyner Andresen — 06/11/1919 § 02/07/2004

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INICIAL

O mar azul e branco e as luzidias
Pedras — O arfado espaço
Onde o que está lavado se relava
Para o rito do espanto e do começo
Onde sou a mim mesma devolvida
Em sal espuma e concha regressada
À praia inicial da minha vida


in «Dual», prefácio de Eduardo Lourenço, edição Assírio & Alvim