quarta-feira, 18 de março de 2009

Um poema é lastro. Fá-lo sucumbir.

Um poema é lastro. Fá-lo sucumbir.
Podes demoli-lo, se antes de acabares
Sob a parte já escrita, uma bomba,
Uma mina final, armadilhares.

Acende já a mecha. Pio desejo.
Não há bomba nenhuma. E com empenho
Tens de encher o poema até à meta
Só após um slalom verá o engenho.

Por que é que, então, não paras já aqui?
Não mexas mais. Tens de to impedir.
Estás ainda a tempo. Mas já a mão te foge.
Um poema quer-se perfeito para não existir.
Gerrit Komrij, Contrabando — Antologia Poética (trad. de Fernando Venâncio)

Sem comentários: