terça-feira, 31 de março de 2009
APOSTILA
segunda-feira, 30 de março de 2009
sexta-feira, 27 de março de 2009
FRAGILPOESIA - FIM
Fim
faz-se tarde
e eu deixei de esperar-te.
todos os portos se fecham sobre mim
e a floresta adensa-se — nenhuma clareira se abre à passagem dos animais
e do homem antigo.
são 4 horas na manhã de todos os relógios.
José Agostinho Baptista, «Eu jeremias criador dos céus e infernos», FragilPoesia, 3ª edição, 26 de Março de 2009.
quarta-feira, 25 de março de 2009
Convite
(considerações mínimas sobre Fernando Pessoa)
Pintura de Ilda David’
Espaço Pessoa & Companhia
28/03 – 02/05/2009
domingo, 22 de março de 2009
Dia Mundial da Água
«Chove. Chove. Tudo se desfaz. Tudo se dilui. O céu e a terra. O sol goteja. Estende-se nas nuvens negras em debandada e cai com elas na lama. Vemos os seus raios decomporem-se nas gotas de água e arco-íris minúsculos fecundarem a terra.»
Blaise Cendrars, O Fim do Mundo Filmado pelo Anjo N.-D. (tradução, apresentação e notas de Aníbal Fernandes)
sábado, 21 de março de 2009
Dia Mundial da Poesia
Dia Mundial da Árvore
UMA ÁRVORE E O SOL
Árvore minha amiga, abençoadaAlminha vegetal, com que ternura,
Abres o brando seio à luz sagrada,
Que, como um vento místico, murmura.
Logo te viste mãe; e, para a Altura,
Ergueste as mãos, alegre e alvoroçada;
E lembravas assim a Virgem Pura,
Ao sentir-se do Espírito pejada.
E o teu corpo, todo ele, era uma flor.
E perfumes de idílio e casto amor,
O céu azul doirado embriagavam…
Mas, na sua quimérica alegria,
Essa árvore feliz nem sequer via
A sombra, que seus ramos projectavam…
Teixeira de Pascoaes, As Sombras. À Ventura. Jesus e Pã
sexta-feira, 20 de março de 2009
E há poetas que são artistas
E há poetas que são artistas
E trabalham nos seus versos
Como um carpinteiro nas tábuas!…
Ter que pôr verso sobre verso, como quem construi um muro
E ver se está bem, e tirar se não está!… Quando a única casa artística é a Terra toda
Que varia e está sempre boa e é sempre a mesma. Penso nisto, não como quem pensa, mas como quem não pensa,
E olho para as flores e sorrio…
Não sei se elas me compreendem
Nem se eu as compreendo a elas,
Mas sei que a verdade está nelas e em mim
E na nossa comum divindade
De nos deixarmos ir e viver pela Terra
E levar ao colo pelas estações contentes
E deixar que o vento cante para adormecermos,
E não termos sonhos no nosso sono. Alberto Caeiro, Poesia (edição de Fernando Cabral Martins e de Richard Zenith)
quinta-feira, 19 de março de 2009
FRÁGIL POESIA
How Ridiculous They Are
Os intelectuais soen muy ben zurrar
na literatura na poesia no café
Ai how ridiculousridiculous they are
é verdade ou não, Lord Byron, é ou não é?
Nas pastelarias nas igrejas no café ai sobretudo no café
é verdade ou não é, Lord Byron, é verdade ou não é?
Ai how ridiculous they are
zurrar o sabem no da fror
tempo em que as burras muito hão-de ganhar
como é de D. Dinis (com modificações) o teor
21 de Março — Dia Mundial da Poesia
Greguerías
A árvore procura um coração debaixo da terra com as mãos crispadas
das suas raízes.
quarta-feira, 18 de março de 2009
Um poema é lastro. Fá-lo sucumbir.
Podes demoli-lo, se antes de acabares
Sob a parte já escrita, uma bomba,
Uma mina final, armadilhares.
Acende já a mecha. Pio desejo.
Não há bomba nenhuma. E com empenho
Tens de encher o poema até à meta
Só após um slalom verá o engenho.
Por que é que, então, não paras já aqui?
Não mexas mais. Tens de to impedir.
Estás ainda a tempo. Mas já a mão te foge.
Um poema quer-se perfeito para não existir. Gerrit Komrij, Contrabando — Antologia Poética (trad. de Fernando Venâncio)
terça-feira, 17 de março de 2009
Não sei como dizer-te
Não sei como dizer-te que minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
[Herberto Helder]
sábado, 14 de março de 2009
Hoje os olhos são míopes
Hoje os olhos são míopes
E eu um assassino dentro do teu corpo.
Há palavras de sangue caídas
Ao meu lado.
Mas sorvo mesmo assim essas imagens densas
Enquanto o esforço sobe o nevoeiro
E tu não te arrependes de me levares contigo
Atraiçoado.
Armando Silva Carvalho, O Amante Japonês
sexta-feira, 13 de março de 2009
quinta-feira, 12 de março de 2009
FRÁGIL POESIA
quarta-feira, 11 de março de 2009
sexta-feira, 6 de março de 2009
quarta-feira, 4 de março de 2009
FRÁGIL POESIA
terça-feira, 3 de março de 2009
Habitats Naturais e Seminaturais de Portugal Continental
segunda-feira, 2 de março de 2009
Maria Gabriela Llansol um Ano Depois da sua Passagem
Implorando o sopro
Implorando o sopro do ser divino,
o sopro que dá a vida,
o sopro de muita idade,
o sopro das águas,
o sopro das sementes,
o sopro da fecundidade,
o sopro da abundância,
o sopro do poder,
o sopro da força,
o sopro de todas as espécies de sopro,
pedindo o seu sopro,
inspirando o seu sopro no calor do meu corpo,
incorporo o seu sopro
para que vivas sempre luminosamente.
(poemas mudados para português por Herberto Helder)