sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Feira do Livro Manuseado

Está aberta ao público a mais recente edição da «Feira do Livro Manuseado» promovida pela Assírio & Alvim. Trata-se, na sua maior parte, de óptimos livros, maculados apenas por uma ou outra pequena mancha ou ligeira imperfeição e por isso, por isso apenas, vendidos a preços tão baixos que nem a crise será uma desculpa para não os ler.


Mas desta vez encontrará ainda mais e melhores razões para nos visitar: estaremos abertos durante a hora de almoço e teremos também livros esgotados, fora do mercado, cartazes da editora, postais e muitas outras surpresas: na livraria da Assírio & Alvim na Rua Passos Manuel, 67-B, em Lisboa. De segunda-feira a sábado das 10h00 às 19h00, até ao dia 31 de Outubro. Esperamos por si.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

As árvores e os livros

As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos
de flores e letras de oiro nas lombadas.
E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas,
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.
As florestas são imensas bibliotecas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».
É evidente que não podes plantar
no teu quarto, plátanos ou azinheiras.
Para começar a construir uma biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras.
Herbário, poemas de Jorge Sousa Braga com desenhos de Cristina Valadas

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Poema

Até o jade se parte,
até o ouro se dobra,
até a plumagem de quetzal se despedaça...
Não se vive para sempre na terra!
Duramos apenas um instante!

Poemas Ameríndios
(poemas mudados para português por Herberto Helder)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Diário 2010

Já está disponível nas livrarias o Diário 2010, uma pequena agenda com evocações de autores, imagens e pequenos excertos de textos fundamentais publicados pela Assírio & Alvim.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Começa já para a semana

(clique na imagem para a aumentar)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O Inútil da Família

Foi ontem a entrega do Prémio de Literatura Casa da América Latina /Banif 2009 — Tradução Literária, a Helder Moura Pereira, pela sua tradução do livro de Jorge Edwards, O Inútil da Família. Para todos aqueles que não puderam estar presentes, aqui fica a mensagem enviada por Jorge Edwards:

Me siento muy contento y orgulloso de que la traducción al portugués de mi novela El Inútil de la Família, obra del doctor Helder Moura Pereira, haya obtenido el premio de traducción de Casa de América Latina de Lisboa. He sido desde siempre un prosista lector de poetas — latinoamericanos, españoles, ingleses, franceses, portugueses y brasileños —, y he pensado desde mis comienzos que el aire y el ritmo de la poesía son necesarios en la escritura narrativa. Por eso me alegro mucho de que mi traductor sea un poeta, un hombre inscrito en la gran tradición de la poesía de Portugal, y le mando un afectuoso saludo. Además, me parece que dar premios de traducción es una costumbre excelente y que deberíamos imitar. Veo la variada lista de autores traducidos por Helder Moura Pereira: aunque no esté a su altura, me siento en magnífica compañia, en una estupenda familia de inútiles profundamente creadores, desde el Hemingway de mi juventud hasta el Borges de siempre, y desde la conmovedora Sylvia Plath hasta el divino Marqués de Sade, para quien todo era paraíso en este infierno. La noticia me ha dado una gran satisfacción indirecta, puesto que no soy el premiado, y agradezco su trabajo al traductor, el mejor de los intermediarios, el miglior fabro a su manera.

Jorge Edwards
Santiago, Chile, Septiembre de 2009.

E também o estupendo discurso lido por Helder Moura Pereira durante a cerimónia de entrega do prémio:

Em primeiro lugar, gostaria de cumprimentar o júri e agradecer-lhe este prémio. Mas não apenas por razões formais. A verdade é que – e peço desde já desculpa pelo atrevimento – me parece haver todo um conjunto de ousadias que acabam por desembocar nesta decisão e ela, a decisão, será apenas a última etapa desse conjunto.
A coisa começa quando os meus amigos Manuel Rosa e Vasco David’, da Assírio & Alvim, ousaram convidar-me para fazer a tradução deste livro; eles sabem que a minha ligação ao castelhano está, digamos assim, longe de ser próxima. Ao mesmo tempo, o autor, Jorge Edwards, era, e ainda é, praticamente desconhecido em Portugal, bem como o serão, de resto, as literaturas da América latina, tirando os nomes óbvios. E eu, ao aceitar fazê-la, ao corresponder à confiança em mim depositada, não foi sem algum estremecimento que me vi também situado na dúvida e na excitação própria de uma ousadia. Porque, embora tendo traduzido já uma obra semi-académica e escrita em colaboração, de Jorge Luis Borges, e um livro de poemas do espanhol Angel González, parti para esta tradução cheio de dúvidas, mas, simultaneamente, com a convicção de que saberia o suficiente para levar a tarefa a bom porto, ou seja, para respeitar a intenção literária do autor e respeitar a sua língua e a minha língua. Como é isto possível, como foi isto possível, não sei bem. Ou melhor, acho que só pode ter sido pelo contacto silencioso, de leitor, com alguns romances e muita, muita poesia lida no original.
O resto? Bom, o resto é trabalho, dedicação perante um texto com o qual se estabeleceu uma relação de corpo e alma. Porque é disso que se trata. Aderi a este livro de uma maneira tão forte que fiz tudo por ele. Não me gabo disso, afirmo apenas uma crença: deve fazer-se tudo por um livro que se traduz. No fundo, é banal isto de um tradutor investigar, perseguir os sentidos, emendar até chegar à hipótese que faça jus ao texto original, procurar as soluções, ganhar ânimo (ou não…) com as adversidades e os obstáculos. No caso deste texto, e sobretudo dado o perigo da proximidade entre línguas, para lá de falsos amigos que, tal como na vida, parecem uma coisa e são outra, recordo-me de uma personagem de um romance de Jorge Edwards, “La Origen del Mundo”, que ri a pensar que os espanhóis não entenderiam um seu chilenismo. E daí também o desafio de estar atento ao castelhano e… ao «chileno».
A outra parte de tudo isto é, como não pode deixar de ser, a minha língua. Todos os que andam à volta das letras de um modo ou de outro tentam prolongar o respeito pelos nossos antepassados e, até – porque não? – podem pensar na sua tarefa como um dever. Não fujo à regra, claro. E, nos tempos que correm, ainda menos fujo. Porque perante o lixo que enche as livrarias, perante a confrangedora expressão verbal em televisões e jornais, perante a existência de gente com responsabilidades na educação que não sabe falar nem escrever, perante um acordo ortográfico lamentável que só não é totalmente mau porque apela de dentro de si a que lhe desobedeçam, o que espero vir a acontecer, temos todos, os que escrevem, traduzem e lêem literatura, de nos bater, pela defesa da nossa língua. Não tenho jeito para militâncias e, por isso, trabalho o melhor que posso e sei. Se este livro também servir para isso, fico muito contente.
Só mais uma palavra. Este prémio, convém não esquecer, é para um livro escrito por Jorge Edwards. Tiro o meu chapéu a este livro e ao seu autor. E gostava muito que outros livros seus estivessem na minha língua.
Obrigado, uma vez mais.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Encerramento da exposição Assombra


16 de Setembro, quarta-feira, 22h

Por ocasião do fecho da exposição Assombra,
a Assírio & Alvim convida-o à apresentação do
livro homónimo por Federico Ferrari e Rodrigo Silva.

A sessão contará com a presença do Dr. Jorge Barreto Xavier,
Director-Geral das Artes do Ministério da Cultura.


Assombra
Ensaio sobre a origem da imagem, Tomás Maia
Fotogramas, Marta Maranha com Diogo Saldanha

Livraria Assírio & Alvim — Rua Passos Manuel, 67 B, Lisboa

sábado, 12 de setembro de 2009

Cataplana Experience

Nas livrarias a partir do dia 15 de Setembro.


Receitas dos melhores chefs portugueses elaboradas propositadamente para este livro, a partir de um projecto de José Bento dos Santos para o Programa «Allgarve Gourmet».


Em pouco mais de vinte anos, a nossa gastronomia teve uma evolução notável. Os grandes responsáveis por esse enorme salto qualitativo são os cozinheiros, cuja carreira, dura e difícil, requer cada vez mais formação e constante actualização. Este livro reúne, de entre o escol dos nossos chefs, um grupo representativo das várias tendências da cozinha de hoje. Como sempre, foi com enorme entusiasmo de criar e generosidade em partilhar, que eles aceitaram o desafio de criar receitas de entradas, legumes, peixes e mariscos, carne e até sobremesas, tudo na cataplana. O resultado? Cataplanas brilhantes que cruzam o tradicional com o inovador.

Os chefs: Albano Lourenço; Augusto Gemelli; Bertílio Gomes; Hélio Loureiro; Henrique Sá Pessoa; Joachim Koerper; João Antunes; José Avillez; Justa Nobre; Leonel Pereira; Miguel Castro e Silva; Nuno Diniz; Paulo Morais.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Helder Moura Pereira - Prémio de Literatura Casa da América Latina / Banif 2009

Helder Moura Pereira, tradutor do romance O Inútil da Família, do chileno Jorge Edwards, foi o vencedor da edição de 2009 do Prémio de Literatura Casa da América Latina / Banif.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Blaise Cendrars [1/IX/1887 - 21/I/1961]

Estava muito feliz despreocupado
Julgava estar a brincar aos bandidos
Tínhamos roubado o tesouro de Golconda
E íamos, graças ao transiberiano, escondê-lo no outro lado do mundo
Devia defendê-lo dos ladrões dos Urais que tinham atacado os saltimbancos de Júlio Verne
Dos «Khoungouzes», dos boxers da China
E dos enraivecidos pequenos mongóis do Grande Lama
De Ali Babá e os quarenta ladrões
E dos fiéis do terrível Velho da Montanha
E, principalmente, dos mais modernos
Os ratos de hotel
E os especialistas dos expressos internacionais.


Blaise Cendrars, Poesia em Viagem