domingo, 31 de agosto de 2008

Sérgio Godinho

Sérgio Godinho - 31 de Agosto de 1945



«Primeiro dia» (ao vivo no CCB)

Novidades IV

Também a partir de 15 de Setembro nas livrarias, o novo livro de crónicas de Miguel Esteves Cardoso:

Em Portugal Não Se Come Mal
Miguel Esteves Cardoso




Edição brochada (448 pp)
Classificação: Crónicas; Gastronomia
Colecção: Peninsulares
24 €
(disponível a partir de dia 15)




A vida come-se quando é boa; come-nos quando é má. E às vezes, quando menos esperamos, também comemos com ela.
Em Portugal, antes de todas as coisas, está o tempo. Este tempo. Este que ninguém nos pode tirar e a que os povos com tempos piores chamam, à falta de melhor, clima.
Depois, há coisas que crescem por causa do tempo. Como o tempo é bom, são boas. E como as coisas são boas, os portugueses querem comê-las. E comem-nas bem comidas, o mais perto que possam ficar da nascença. Ou da cozinha.
O resto bem pode ser do pior que pode haver no mundo. Não é.
Mas pode ser, à vontade do freguês, conforme se quiser.
Que se lixe esse resto. Quando se come bem – quando se come a vida à nossa volta, com Portugal inteiro à nossa volta, a comer connosco – esse resto também não parece grande por aí além.
Que fique por saber como realmente se vive em Portugal. Mas que fique claro que comer, não se come mal. Que sirva este meu livro de gordo desmentido.
E o resto é como o resto. Ah, Portugal, nosso restaurante! Mas, quando se come bem e se está com a barriga cheia, o resto que está mal é como o resto de um bom almoço.
Alguma coisa há-de fazer-se com ele.
Porventura deliciosa, se faz favor.
Miguel Esteves Cardoso

sábado, 30 de agosto de 2008

Novidades III

Mais uma novidade...

Gatos Comunicantes — Correspondência entre Vieira da Silva e Mário Cesariny, 1952-1985
Maria Helena Vieira da Silva; Mário Cesariny
(apresentação de
José Manuel dos Santos; edição e textos de Sandra Santos e António Soares)

Edição brochada (200 pp)
Classificação: Correspondência
Colecção: Testemunhos
20 €
(disponível a partir de dia 15)



«Página a página, linha a linha, palavra a palavra, este livro ergue as figuras reais de Maria Helena Vieira da Silva e de Mário Cesariny de Vasconcelos. Ergue-as, assim cada um foi inventando o outro, num frente a frente perpétuo, sem intervalo ou traição. Este diálogo de vozes e de silêncios-entre-as-vozes, de palavras e de sem-palavras-entre-as-palavras, levanta estas figuras sobre (e contra) um chão de pequenez, hostilidade e escuridão, dando-as como elas são. E como elas se olharam, se representaram, se admiraram, se amaram uma à outra: únicas, grandiosas e magnificadas. Ao fundo, aparece Arpad, com uma elegância longa, a saudá-los, a saudar-nos, na sua doçura inquieta, na paciência e sabedoria do seu estar. Um pouco atrás, ouve-se, vê-se Guy Weelen a anotar, a preparar, a cuidar, a tramitar, a transmitir. Este livro prova que “os encontros são proporcionais aos destinos” e que o amor pode ser um relâmpago contínuo, livre, invencível.» — José Manuel dos Santos (excerto da apresentação)

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

João Sousa Monteiro

João Sousa Monteiro - 29 de Agosto de 1944

Novidades II

Também a partir de dia 15 nas livrarias, o novo livro de Pedro Strecht:

A Minha Escola Não É Esta — Dificuldades de aprendizagem e comportamento em crianças e adolescentes
Pedro Strecht

Edição brochada (256 pp)
Classificação: Pedagogia; Pediatria; Psicologia
Colecção: Pelas Bandas da Psicanálise
18 €
(disponível a partir de dia 15)




Há demasiadas crianças e adolescentes que fazem da escola um problema para si e para os outros: pais, família, professores, sociedade em geral. São rapazes e raparigas que, mesmo possuindo capacidades cognitivas suficientes para progredirem mais e melhor, não conseguem aprender, e expressam o seu mal-estar interior em múltiplos problemas de comportamento, desde a hiperactividade à agressividade, ao desinteresse e ao abandono escolar.
[...]
Este livro de Pedro Strecht, com prefácio de John Diamond, CEO da Mulberry Bush School, Oxford, fornece uma visão psicodinâmica destas dificuldades, através de uma abordagem teórica sistematicamente ilustrada por múltiplos exemplos práticos e organiza-se como uma ajuda a todos aqueles que se interessam por temas da infância e adolescência e suas problemáticas escolares, como pais, educadores, professores, psicólogos, assistentes sociais ou médicos.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Novidades

Em Setembro, na Assírio & Alvim, lançamos, entre outros:


O Sentido da Vida É só Cantar
António Barahona




Edição brochada (352 pp)
Classificação: Poesia (antologia)
Colecção: Documenta Poetica
24 €
(disponível a partir de dia 15)



I

O poeta vive só,
livre, peremptório, claro,
em estreita unidade com o corpo:
barro plástico para o Todo-Poderoso
esculpir a alma e o espírito

O poeta avança sobre o caos e as trevas,
contraditório, puro, sábio,
a sua vida está envolta em beleza:
o lustre opalino do pescoço das pombas,
os amigos imprevistos,
uma família espalhada plo mundo,
o Sol, a Lua, os gatos e as árvores

O poeta embriaga-se com água,
hidromel, chá de menta, ou súbito perfume
E inspira-se no ar d’atmosfera sagrada:
relê Moisés, Cristo Jesus e Muhammad

domingo, 24 de agosto de 2008

Jorge Luis Borges














Jorge Luis Borges
[24-8-1899-1986]




«Velhice: É uma das formas da insónia.
Velhice (ii): Agora sinto-me mais sereno que quando tinha 24 anos. Claro, nessa idade tentamos ser Hamlet, ser Byron, ser Baudelaire, ser alguma personagem de um romance do século passado e cultivamos a infelicidade. Depois damos conta que não é preciso cultivar a infelicidade, encontramo-la sozinha...»

Jorge Luis Borges, in Borges Verbal, de Pilar Bravo e Mario Paoletti (tradução de José Bento), Assírio & Alvim 2002.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

JAB — 60 anos do nascimento















José Agostinho Baptista [1948]



Retrospectiva

Olho para trás.
Dóceis eram as palmeiras,
rodando na infância,
e havia uma nuvem sagrada onde tudo estava
escrito:
dez mandamentos, quatro sinais de vento,
um eco que nunca profanei,
quando o coração parava como se quisesse
ouvir o mais secreto lamento.
Nada que não tenha dito,
em pânico,
ao longo dos anos de um país mortal,
com grinaldas desfeitas sobre o velório dos
dias.

Que se quebrem as lanças,
as lanças sem amor dos cavaleiros da sombra.

in Filho Pródigo, Assírio & Alvim 2008

Fiama — 70 anos do nascimento

EU

Penso na cosmogonia, as estrelas
ausentes
ou negras, as que consomem mais
o tempo.
Os véus do céu cinzento e metafórico,
a corola
das nuvens, o compasso deste círculo,
o ciclo
das dores.


Fiama Hasse Pais Brandão
[1938-2007]

terça-feira, 12 de agosto de 2008

António Aragão










António Aragão
[22.07.1921-11.08.2008]



imagem retirada de dnoticias.pt

António Manuel de Sousa Aragão faleceu ontem, dia 11 de Agosto, no Funchal, vítima de doença. Nascido na Madeira (em São Vicente), tinha 87 anos. Poeta, historiador, pintor e escultor, licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade Clássica de Lisboa e em Arquivismo e Biblioteconomia na Universidade de Coimbra.
Trabalhou em França e Itália, nas áreas da etnografia, museologia e restauro de obras de arte. Expôs a sua obra pictórica em Barcelona e Londres, tendo legado também numerosos trabalhos de escultura. Foi ainda director do Arquivo Regional da Madeira (durante os anos 70).
É considerado um grande poeta da década de 60 — com obras como Poema Primeiro, Folhemas 1, 2, 3 e 4 e Bancos e Metanemas —, mas aventurou-se também pelos domínios da ficção (Um Buraco na Boca) e do teatro (o drama Desastre Nu). Integrou a Antologia da Poesia Concreta em Portugal, publicada em 1973 pela Assírio & Alvim.

sábado, 9 de agosto de 2008

Mário Cesariny












Mário Cesariny

[9 de Agosto de 1923-2006]





julião os amadores

Já nada temos a fazer sobre a Terra esperemos de olhos fechados a
passagem do vento
dizia eu dizia eu
que é sobre a missa branca do teu peito que se erguem os palácios
rasos de água
no escuro no escuro
alguém nos levará tocando-nos com um dedo nós trémulos,
deitados, sem dizer palavra, morreremos de ter-nos
conhecido tanto
e depois? e depois?
depois o halo de uma fita azul o martelo esquecido sobre a pedra
de um sonho
mas os salões? e a casa?
e o cão que nos seguia?

o teu rosto meu rosto
este homem alto
o Sol

in Uma Grande Razão — Os poemas maiores

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Edmundo de Bettencourt












Edmundo de Bettencourt

[7 de Agosto de 1899-1973]



ONDULAÇÃO

O luar ondula
fluindo e refluindo
para não acabar a maré cheia
nesta praia onde
imponderável eu me encontre indo
— o pensamento em rumos ignorados
e ao sabor de presságios...

Em breve, à minha volta no areal,
esperanças, de branco, vaporosas,
chorando alto naufrágios
à vista da magia de seus mundos,
com suas lágrimas,
quais enxadas na terra, ponderosas,
cavarão sulcos fundos.

E elas ali se hão-de enterrar
quando o luar fugir...
Mas com elas enterrarei os meus insultos
à minha nobre angústia de vibrar,
à minha vã desgraça de sentir!

in Poemas de Edmundo de Bettencourt

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

António Maria Lisboa — 80 anos do nascimento


ACENTO

Vem dos montes friíssimos da Noruega
onde te sonhei para beberes estrelas
e caminhar a custo entre as cascatas
onde a ternura é um escadote
e o ar um caracol de planetas nas órbitas.

in Poesia

António Maria Lisboa

[1 de Agosto de 1928 - 1953]

Herman Melville

«Sou um homem que, logo desde a juventude, sempre esteve possuído da convicção profunda de que o caminho mais fácil é, na vida, o melhor. Daí que, embora pertencente a uma profissão proverbialmente enérgica, agitada, em certos casos até à turbulência, mesmo assim jamais permiti que coisa alguma dela invadisse a minha tranquilidade. Sou um daqueles homens de leis pouco ambiciosos que nunca se dirige a um júri, que nunca chama a si os aplausos do público; mas que na serena tranquilidade de um confortável retiro negoceiam confortavelmente com obrigações, hipotecas e títulos pertença dos ricos. Todos os que me conhecem, consideram-me um homem eminentemente seguro

in Bartleby, O Escrivão

Herman Melville

[1 de Agosto de 1819-1891]